Moradias em caixas voltam a ganhar destaque no Japão

Conhecidas por uma infinidade de nomes, essas minúsculas moradias têm se tornado muito comum no Japão, sobretudo em Tóquio.

Do Mundo-Nipo

Imóveis que aproveitam ao máximo o pouco espaço disponível não são novidade nas cidades japonesas. Porém, algumas moradias têm passado do limite ao oferecer cubículos com espaço apenas para um pequeno colchão e pouquíssimos objetos pessoais.

 

As cápsulas, atualmente chamadas de casa em parte ou casa-caixão, além de outros nomes, geralmente são ocupadas por jovens que moram sozinhos em grandes cidades do Japão  (Imagem reprodução)
Essa caixas dormitórios geralmente são alugadas por jovens que moram sozinhos em grandes cidades do Japão (Imagem reprodução)

 

Conhecidas por uma infinidade de nomes como, por exemplo, “casa compartilhada”, “casa de partes“, “casa caixão”, “apartamento caixão”, “cápsula dormitório” ou “caixa dormitório”, essas minúsculas moradias têm se tornado muito comum no Japão, sobretudo em Tóquio, uma das cidades mais populosas do mundo.

A crescente escassez de espaço gerada pelo êxodo da população para áreas urbanas é um dos fatores que tem levado a queda de ofertas habitacionais, acarretando em uma forte alta nos preços dos aluguéis em grandes cidades do Japão.

Segundo uma pesquisa do jornal Asahi Shimbun, em 2012, sobre preços elevados de aluguéis em Tóquio, o valor de uma residência de quatro cômodos (quarto, sala, banheiro e cozinha conjugada com área de serviço ou cozinha conjugada com sala e área de serviço) podia chegar a custar 468 mil ienes (cerca 9,9 mil reais ou 5 mil dólares) por mês, relativo a cidade de Tóquio, mas uma caixa dormitório custa, em média, 55 mil ienes (cerca de 1,2 mil reais) mensais.

Quando esse pequeno espaço surgiu como moradia, a mais de 20 anos atrás, o Japão estava apenas começando a se afastar de sua bolha econômica, e cubículos em minúsculos hotéis, chamados de cápsulas na época, ofereciam refúgio de uma noite para assalariados que tinham perdido o último trem para casa ou para aqueles que ainda estavam a procura de emprego.

 

Cápsulas moradia em 2009 (Imagem reprodução The New York Times)
Cápsulas moradia em 2009 (Imagem: reprodução do jornal The New York Times)

 

Em 2009, quando o Japão passava por uma das piores recessões desde a Segunda Guerra Mundial, com a crise econômica mundial empurrando a economia para baixo, trabalhadores foram demitidos em massa, e essas cápsulas tornaram-se uma opção acessível para os milhares de recentes desempregados na época, que foram forçados a deixarem suas habitações que eram patrocinadas pelas empresas em que trabalhavam. Contudo, a busca foi maior que a demanda e muitos desempregados tornaram-se desabrigados.

E agora, com a atual crise econômica japonesa, a escassez de emprego faz-se crescente e, essas unidades, chamadas atualmente no Japão de “geki-sema 激 せ ま シャア ハウス” traduzido literalmente como “casa de parte”, estão voltando a ter destaque no país.

Entretanto, as condições de vida nesses “cubículos” têm sido questionadas no Japão, pois muitas dessas “caixas dormitórios” não possuem janelas, aquecedores ou refrigeração.

Os inquilinos são geralmente jovens profissionais ou estudantes que moram sozinhos e passam a maior parte do tempo fora, usando o espremido espaço somente para dormir. Porém, um grande número de pessoas desempregadas, à procura de empregos em grandes cidades, vem crescentemente ocupado essas unidades.

Um programa da TV japonesa exibiu recentemente uma matéria sobre essas moradias que, além de minúsculas e claustrofóbicas, ainda dificultam a higiene pessoal, uma vez que empresas do ramo disponibilizam apenas um banheiro para dezenas de inquilinos ou mais.

O programa entrevistou um homem de 24 anos que vive em uma dessas caixas apertadas. “Isso pode ser tão grande como dois tatames”, disse o homem, que espera começar o seu próprio negócio. Tatamimats, tradicionalmente utilizados para medir tamanhos de quartos no Japão, medem cerca de 1,6 metro quadrado.

Também foi entrevistada uma jovem de 19 anos chamada Chisato, que sonha em se tornar uma atriz, e reside em uma caixa de apenas 2,44 metros de diâmetro.

 

Caixa de uma jovem de 19 anos (Imagem reprodução)
A caixa onde Chisato mede apenas 2,44 metros de diâmetro (Imagem reprodução)

 

A jovem disse que tem espaço suficiente para a sua televisão, maquiagem, seu bicho de pelúcia, roupas e cobertores.

O aluguel dessas caixas custa, em média, 55 mil ienes mensais (cerca de 1,2 mil reais). Este valor inclui o uso de energia e aquecedor elétrico.

Um comentarista online disse: “Se você procurar bem poderá encontrar um pequeno apartamento por este valor. Essas pessoas estão sendo enganadas!”.

 

A caixa de um pretenso empresário que custa 45 mil ienes (cerca de 950 reais) mensais. (Imagem divulgação)
A caixa de um jovem empresário custa 45 mil ienes (cerca de 950 reais) mensais. (Imagem divulgação)

 

A caixa de um pretenso empresário custa um pouco menos. Incluindo energia e aquecedor, ele paga 45 mil ienes (cerca de 950 reais). Sua caixa pode ser mais barata porque não tem uma janela ou papel de parede.

Contudo, o programa exibiu diversas variedades dessas caixas, que se assemelham a armários escolares, mas com a pequena diferença de ser um “pouco maior” e “guardar pessoas” ao invés de objetos.

 

Parte externa das caixas lembram armários (Imagem reprodução)
Parte externa das caixas lembram armários escolares (Imagem reprodução)

 

 

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