Japoneses desenvolvem método que deixa tecidos do corpo transparentes

Embora a invisibilidade pareça coisa de ficção, cientistas japoneses conseguiram deixar camundongos quase totalmente transparentes.

Do Mundo-Nipo com Agências

Cientistas do Japão desenvolveram uma forma de deixar os tecidos do corpo quase totalmente transparentes. Embora a invisibilidade pareça coisa de ficção, os pesquisadores obtiveram sucesso em experimentos com camundongos.

Usando um método que remove quase completamente a cor dos tecidos, os cientistas disseram ter conseguido examinar órgãos do indivíduo ou, inclusive, corpos inteiros sem ter que cortá-los, criando uma visão mais ampla de problemas com os quais trabalham.

Entretanto, no início dos experimentos, ocorreu o “inconveniente de algumas das cobaias quase morrerem no processo”, conforme relata Kazuki Tainaka, o principal autor do estudo que foi publicado na revista americana Cell.

As técnicas darão aos cientistas um “novo entendimento da estrutura tridimensional de órgãos e como certos genes são expressos em vários tecidos”, disse Tainaka. “Ficamos muito surpresos ao ver que o corpo inteiro de um filhote e de um adulto pudesse ficar quase transparente”, afirmou ele em um comunicado, divulgado pelo instituto japonês de pesquisas RIKEN e seus colaboradores.

O trabalho, que também envolveu a Universidade de Tóquio e a Agência de Ciência e Tecnologia do Japão, se concentra em um composto chamado heme (ou hemo), o constituinte que dá ao sangue a cor vermelha e é encontrado na maioria dos tecidos do corpo, que é formado por 4 tipos de tecidos: tecido epitelial, tecido conjuntivo (adiposo, cartilaginoso, ósseo e sanguíneo), tecido muscular (liso, esquelético e cardíaco) e tecido nervoso.

O processo envolve o bombeamento de uma solução salina no coração do camundongo, retirando o sangue do sistema circulatório, o que provoca a morte do animal.

Em seguida, é introduzido um reagente, que atua para separar o heme da hemoglobina, que permanece nos órgãos. Para completar o processo, o ratinho morto é esfolado e empapado com o reagente por até duas semanas.

Um feixe de luz de laser, que pode ser emitido para penetrar até um nível específico, cria uma imagem completa do corpo, assim como uma impressora em 3D cria objetos físicos em camadas.

Em uma entrevista à Agencia France-Presse (AFP), Tainaka disse que que, até agora, os microscópios permitiam observar as coisas em detalhes mínimos, mas isto também privou do contexto do que era observado. “O novo método, que não pode ser aplicado a coisas vivas, nos dará detalhes, enquanto vai nos habilitar a obter o quadro mais amplo”, afirmou.

Hiroki Ueda, que chefiou a equipe de pesquisas, destacou no comunicado que o método “poderia ser usado para estudar como embriões se desenvolvem ou como o câncer e as doenças autoimunes se desenvolvem em nível celular”.

Espera-se que o método leve “a uma compreensão mais profunda destas doenças e, talvez, a novas estratégias terapêuticas”, concluiu.

(Com informações das Agências Kyodo e AFP)

 


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