Estudo afirma que jogar Pokémon na infância deixa marcas no cérebro

Crianças que jogam exaustivamente Pokémon desenvolvem uma região no cérebro exclusiva, na qual armazena os inúmeros monstrinhos do game.
Boneco Pikachu Foto Asahi
Foto: Asahi

Atualizado em 18/05/2019

Pessoas que passaram grande parte da infância jogando Pokémon ficaram com uma determinada parte do cérebro marcada, é o que revela um estudo recentemente publicado na revista científica Nature Human Behavior, no qual afirma que a atividade deixou marcas onde uma região do cérebro é ativada quando imagens de personagens como Pikachu, Charmander, Squirtle e Bulbasaur, por exemplo, voltam a ser vistas.

O estudo foi realizado por uma equipe de psicólogos da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que divulgou os resultados da pesquisa na revista britânica no dia 6 de maio.

As conclusões do estudo ajudam a saber mais sobre dois mistérios relacionados à visão. Por que há regiões cerebrais que respondem a palavras e gestos, mas não a outros estímulos? E por que aparecem no mesmo lugar no cérebro de todas as pessoas?

Estudos anteriores com macacos estabeleceram que, para que na crosta visual se desenvolvam regiões dedicadas a uma nova categoria de objetos, a exposição a eles deve começar desde cedo, quando o cérebro é maleável e sensível à experiência visual.

A equipe se perguntou se isso também ocorre em humanos e decidiu investigar. O principal autor do estudo, Jesse Gómez, lembrou que, quando tinha seis anos, começou a jogar Pokémon durante horas, hábito que se manteve durante toda a infância. Além disso, os personagens da franquia Pokémon se diferenciam muito de qualquer objeto da vida cotidiana.

Se a exposição na infância é fundamental para que determinadas regiões do cérebro se desenvolvam, o de Gómez e os de muitas outras crianças de sua geração deveriam ter uma resposta maior diante de um Pokémon em comparação com outros estímulos.

“Você tem que saber tudo (sobre os pokémon) para jogar bem. O jogo te recompensa por identificar centenas desses pequenos personagens que se parecem”, por isso que, “se não houver uma região (do cérebro) para eles, então não haverá para nada”, explicou Gómez.

Desde 1996, quando foram lançadas as versões Red, Green (esta apenas no Japão) e Blue, a franquia expunha os jogadores aos mesmos personagens incontáveis vezes.

Além disso, todos jogavam no mesmo tipo de aparelho (Game Boy) e o seguravam, mais ou menos, na mesma distância do rosto, circunstância que servia para os psicólogos comprovarem uma teoria visual chamada “viés de excentricidade”.

Essa teoria indica que o tamanho e a localização de uma região no cérebro dedicada a uma determinada categoria depende da proporção do campo visual ocupada por esses objetos e de que parte da visão – central ou periférica – usamos para vê-los.

Foi formado um grupo de 11 adultos, entre eles Gómez, que jogaram muito Pokémon durante a infância. Todos foram submetidos a um scanner enquanto observavam imagens de personagens do jogo.

O resultado foi que os cérebros dessas pessoas respondiam mais a essas imagens em comparação com outro grupo que não teve o costume de jogar Pokémon na infância.

Em todos eles era ativada a mesma região cerebral, o giro fusiforme, que está localizado atrás dos ouvidos, uma zona que normalmente responde às imagens de animais, aos quais os Pokémon se assemelham.

Aos pais que viram neste estudo uma comprovação de que os videogames podem ter um efeito durável no cérebro dos filhos e se preocuparam, Gómez afirmou que todas as pessoas que foram submetidas aos testes “tinham doutorado”.

Com Agência EFE

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