Cientistas do Brasil sequenciam genoma do novo coronavírus em apenas 48 horas

Enquanto outros países levam em média 15 dias, o Brasil sequenciou em 2 dias. A análise genética é fundamental para o desenvolvimento de vacinas.
Estrutura do coronavírus 2019 n CoV Foto Amanda Georgia 03
©Amanda Georgia / Edição Mundo-Nipo

Pesquisadores do Brasil e da Universidade de Oxford sequenciaram o genoma do novo coronavírus (2019 n-CoV / Covid-19) do primeiro caso confirmado da doença em São Paulo.

Sequenciar o código genético do vírus geralmente leva 15 dias pelos cientistas no âmbito internacional, mas no Brasil o trabalho foi realizado em apenas dois dias, de acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp).

A primeira análise preliminar feita pelos cientistas mostra que o genoma do coronavírus diagnosticado no Brasil difere em três pontos no código genético do vírus encontrado inicialmente em Wuhan, cidade chinesa onde a doença surgiu.

De acordo com uma das autoras do estudo, Ester Cerdeira Sabino, quanto mais desvendarmos o RNA do vírus, mais podemos rastrear o caminho dele.

“Como o vírus do Brasil foi detectado da Itália, e vimos que é diferente do encontrado na Alemanha, com duas mutações similares apenas, já dá para ver que mais de uma pessoa passou a transmitir a doença na Europa”, explicou Sabino.

Além disso, é possível fazer a associação das mudanças no RNA com alguma característica da epidemia. Sabino dá o exemplo do Irã, que tem apresentado uma taxa de mortalidade maior.

“O que vamos estudar é se tem alguma influência [a mutação]. Por exemplo, no Irã está tendo um avanço maior. É um exemplo teórico. Temos que sequenciar e pesquisar se a mutação tem alguma influência nisso”.

A análise genética do RNA de um vírus também é fundamental para o desenvolvimento de vacinas e para a criação de testes diagnósticos. Uma análise preliminar da sequência já está disponível online para consulta de outros pesquisadores do mundo.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Adolfo Lutz em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e com a Universidade de Oxford.

Primeiro caso

O primeiro caso brasileiro de Covid-19, doença causada pelo 2019 n-CoV, foi confirmado com diagnóstico molecular pelo Instituto Adolfo Lutz em 26 de fevereiro. O paciente infectado com o vírus esteve na região da Lombardia, no norte da Itália. O país europeu registrou 400 casos do novo coronavírus até esta quinta-feira (27).

Até agora, apenas uma sequência genômica na Itália havia sido concluída. Os pesquisadores analisaram amostras retiradas de um turista da província de Hubei que visitou Roma por volta de 31 de janeiro de 2020, com o vírus originado na China.

“É uma velocidade incrível. Da mesma maneira como a Itália fez lá recentemente e publicaram. Isso ajuda no desenvolvimento de testes de diagnóstico, ajuda em uma série de outros desenvolvimentos tecnológicos, tem um peso muito importante”, disse o secretário nacional de vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.

Casos suspeitos de coronavírus no Brasil

O número de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus, o Covid-19, no Brasil aumentou de 132 para 182, de acordo com plataforma do Ministério da Saúde atualizada às 16h10 desta sexta-feira, 28. O País segue com um caso confirmado, o de um homem de 61 anos na capital paulista que está em isolamento domiciliar.

Das notificações suspeitas, 71 foram descartadas. A maioria dos casos suspeitos está em São Paulo (66), no Rio Grande do Sul (27) e em Minas Gerais (17).  O ministério destacou que os casos suspeitos do novo coronavírus só passarão a ser classificados dessa forma se a pessoa monitorada tiver febre, um sintoma a mais (como tosse e dificuldade respiratória) e ter viajado para um dos 16 países em alerta nos últimos 14 dias.

OMS aponta coronavírus em 46 países

O número de casos do novo coronavírus tem se estabilizado na China, epicentro da doença, mas se espalhado para mais regiões do mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentados pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira, 28, apontam para 46 países com casos confirmados – 9 novos desde quinta-feira, 27.

O mundo registrou até o momento 2.804 mortes pelo novo vírus, sendo 42 óbitos entre quinta e sexta-feira. O índice de letalidade na média global é de 3,4% desde dezembro, sendo 1,6% fora da China. Pela primeira vez, a Coreia do Sul registrou mais casos novos (505) que a China (439), onde os primeiros registros da doença foram identificados.

Segundo a OMS, havia 78.961 casos confirmados na China e 4.691 em 51 países. O número de mortes total chegou a 2.858 mortes (67 delas fora da China). Em 24 horas, a China havia reportado 331 novos casos – o valor baixo em um mês de epidemia. Já os novos casos no resto do mundo foram de 1.027.

Dos novos registros, 24 casos foram exportados da Itália para 14 países e 97 casos foram exportados do Irã para 11 países desde quinta. No Brasil, o Ministério da Saúde informou que investiga 182 casos suspeitos, mas continua com apenas um confirmado até o momento.

Mundo-Nipo (MN)
Fontes: Jornal Estadão | G1/Bem Estar.

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