Inflação no Japão cai em novembro e amplia série de quedas

Há preocupações de que a recuperação do Japão siga perdendo ímpeto, com temores de uma nova fase de estagnação econômica.
Loja da UNIQLO no Japão | Foto: JW
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O índice principal que mede os preços ao consumidor do Japão ampliou sua sequência de retração, marcando e novembro o quarto recuo seguido e no ritmo mais rápido em 10 anos, à medida que o Banco do Japão (BOJ, o banco central japonês) encerra uma reunião de política monetária e o país luta contra o ressurgimento de casos do novo coronavírus.

Dados preliminares do Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações do Japão mostraram que o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que inclui derivados de petróleo, mas exclui os preços voláteis de alimentos frescos, recuou 0,9% em novembro na comparação com o ano anterior, em linha com a expectativa mediana do mercado. Em outubro, o núcleo do IPC caiu 7%.

Em relação ao IPC que exclui os preços de energia e de alimentos frescos, o índice 

caiu 0,3%, correspondendo à estimativa mediana de analistas.

Já o índice que mede o preço de todos os ítens, caiu mais que o esperado, registrando queda de 0,9% em relação ao ano anterior, contrariando a previsão mediana de 8% de analistas para o mês de novembro.

Foi o quarto mês consecutivo de retração, marcando ainda a maior queda anualizada desde setembro de 2010, mostraram os dados.

Ainda de acordo com o relatório preliminar divulgado hoje (18), o impacto da energia sobre os preços gerais aumentou para 0,6 ponto percentual e foi responsável pela maior parte da queda extra da inflação em novembro. Os preços da eletricidade caíram 7,3%.

Os custos com hospedagem continuaram a pesar sobre a inflação geral em cerca de 0,4 ponto percentual, com os preços em hotéis caindo 34% em meio à campanha do governo com descontos em viagens.

Preocupações do BC do Japão

Embora não se espere que os preços fracos desencadeiem mais estímulos do Banco do Japão em um futuro breve, as quedas contínuas dos preços podem consolidar as expectativas de inflação mais baixas e consequente deflação crônica, um problema de longo prazo para o BOJ. Por enquanto, o foco do banco central é garantir que os mercados permaneçam estáveis ​​e as empresas possam obter crédito.

Espera-se que o BC japonês ainda hoje mantenha suas principais ferramentas políticas inalteradas, mas estenda programas especiais de financiamento para apoiar empresas afetadas pela pandemia.

“O BOJ já está fazendo o que pode com a inflação”, disse o economista Takeshi Minami, do Instituto de Pesquisa Norinchukin, referindo-se aos anos de compra massiva de títulos do banco e taxas de juros negativas. “Ele tentará minimizar as falências ao contrariar o financiamento corporativo. Este é um momento para o BOJ ser paciente”, disse.

O presidente do BOJ, Haruhiko Kuroda, disse que não está muito preocupado com as recentes quedas de preços porque fatores especiais, incluindo o impacto das campanhas de descontos do governo para ajudar o setor de serviços, são temporários.

Ainda assim, dados fracos de inflação aumentam a preocupação de que a recuperação do Japão esteja perdendo ímpeto, já que o país está passando por uma nova onda de infecções por coronavírus, o que tem afetado a confiança e incentivado medidas governamentais para limitar a atividade durante o feriado de Ano Novo.

O primeiro-ministro Yoshihide Suga anunciou esta semana a suspensão temporária de sua campanha de promoção ao turismo (Go To Travel), uma vez que Tóquio alertou na quinta-feira que a pressão sobre os hospitais da cidade atingiu o nível de alerta mais alto, já que a capital anunciou um recorde de 822 novos casos.

Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Agência Kyodo.

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