Dólar cai 2,48% e fecha no menor valor em um mês com alívio político no Brasil

A moeda dos EUA despencou 2,48% e encerrou cotada no menor valor em mais de um mês.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar caiu quase 2,5% antes o real nesta quarta-feira (8), refletindo uma melhora da percepção do risco político no Brasil, com a sinalização de um avanço na relação do governo com a base aliada, importante para a aprovação das medidas de ajuste fiscal e para evitar um rebaixamento do rating soberano brasileiro.

A moeda norte-americana recuou 2,48% e encerrou cotada a R$ 3,0563 na venda. É o menor valor de fechamento em mais de um mês, desde 5 de março, quando valia R$ 3,012. Na véspera, a divisa subiu 0,38% e interrompeu uma série de cinco quedas consecutivas, no que gerou uma queda acumulada de 3,65%. Com o resultado de hoje, a moeda já acumula desvalorização de 4,22% em abril.

Segundo dados da BM&FBovespa, o movimento financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão.

O desempenho do dólar hoje também foi influenciado pela ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), divulgada hoje, que reforçou a percepção de que o Federal Reserve não deve aumentar a taxa básica de juros tão cedo e esse processo deve se dar de forma “razoavelmente gradual”.

Os membros do Fomc se mostraram divididos sobre o aumento da taxa de juros em junho e destacaram que a política monetária continuaria altamente acomodatícia após a primeira elevação. Para o economista-chefe do Banco Safra , Carlos Kawall, o Fed tem mostrado sinais de que continua determinado em subir a taxa de juros neste ano, mas isso deve acontecer a partir de setembro.

Lá fora, o dólar caía frente às principais divisas, recuando 0,82% em relação ao dólar australiano, 0,69% diante do rand sul-africano, 0,32% em relação à lira turca e 0,19% diante do peso mexicano.

O movimento no mercado local, contudo, foi intensificado pela melhora da percepção do risco político com a sinalização de um avanço na relação do governo com a base aliada, importante para a aprovação das medidas de ajuste fiscal e para evitar um rebaixamento do rating soberano brasileiro.

Nesta tarde, o vice-presidente da República, Michel Temer, que também é presidente do PMDB e assumiu a articulação política do governo na terça-feira, firmou acordo com presidentes e líderes de partidos da base governista no Congresso pelo reequilíbrio macroeconômico e estabilidade fiscal para apoiar o ajuste proposto pelo governo nas contas públicas.

“A nomeação do Temer (como articulador político) dá um aceno mais claro para o Congresso e facilita a aprovação das medidas do (ministro da Fazenda, Joaquim) Levy”, disse à Reuters o gerente de câmbio da Correparti, João Paulo De Gracia Correa.

O mercado recebeu positivamente o fato de a presidente Dilma Rousseff ter escolhido Temer para ser responsável pela articulação política do governo. Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, isso é um fator importante, seja porque ele pode ser mais hábil para conduzir as negociações com o Congresso e também tem mais poder do ponto de vista político, sinalizando uma melhora da relação com a base aliada do governo. “O mercado está tirando um pouco o risco político do preço, uma vez que havia um pouco de exagero”, afirma um operador de um grande banco nacional, de acordo com a Agência Valor Online.

Hoje, o Banco Central divulgou o fluxo cambial que encerrou março positivo em US$ 2,003 bilhões, resultado de uma entrada líquida de US$ 2,074 bilhões na conta financeira e déficit de US$ 75 milhões na conta comercial, segundo dados do Banco Central.

Em abril, até o dia 2, o fluxo cambial estava negativo em US$ 807 milhões. No ano, o saldo cambial está positivo em US$ 3,957 bilhões. Com o saldo cambial positivo em março, os bancos reduziram a posição vendida em dólar no mercado à vista de US$ 25,868 bilhões em fevereiro para US$ 23,830 bilhões no mês passado.

Em março, o BC recomprou US$ 1,3 bilhão referente a leilões de linha de dólar com compromisso de recompra. No dia 2 de abril, a autoridade monetária ainda liquidou a venda de US$ 200 milhões referentes a leilões de linha de dólar.

Hoje o BC seguiu com a rolagem do lote de US$ 10,115 bilhões de contratos de swap cambial que vence em maio e renovou hoje mais 10.600 contratos, cuja operação somou US$ 513,8 milhões. Se mantiver o mesmo ritmo, o BC deverá rolar US$ 10,070 bilhões, praticamente o lote integral dos US$ 10,115 bilhões em swaps cambiais que vence mês que vem.

(Com informações das agências ‘Valor Online’ e ‘Reuters’)

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