Incursões ao território japonês atingem maior nível desde a Guerra Fria

Japão acionou caças contra aeronaves estrangeiras por cerca de mil vezes em apenas 10 meses.
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Caças japoneses F-15Js | Foto: Arquivo/Creative Commons

A Força Aérea de Autodefesa do Japão (ASDF, Air Self-Defense Force) acionou caças contra aeronaves e embarcações invasoras em seu território por mil vezes somente nos primeiros dez meses do ano fiscal de 2016, que encerra em março de 2017, informou nesta quarta-feira (15) o Ministério da Defesa do país, afirmando que o número histórico ultrapassou o recorde registrado desde o período da Guerra Fria, informou a emissora pública ‘NHK’.

Entre abril de 2016 e janeiro de 2017, caças da ASDF realizaram 1.000 decolagens de emergência em resposta a possíveis incursões territoriais por aeronaves e embarcações militares estrangeiras.

O número ultrapassou o recorde de 944 decolagens de intercepção registrado em 1984, durante a Guerra Fria – designação atribuída ao período histórico (entre 1945 e 1991) de disputas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética.

Segundo o Ministério, o número de incursões de jatos chineses aumentou absurdamente, representando 73% dos casos de incursões nos primeiros dez meses do ano fiscal de 2016. Já o número de aeronaves russas que ameaçaram o espaço aéreo japonês somou 26% dos casos de incursões no mesmo período.

O órgão afirma que “a crescente assertividade marítima da China está por trás do aumento”, sinalizando que navios porta aviões de Pequim tem facilitado as incursões chinesas ao espaço aéreo japonês, conforme noticiou a ‘NHK’.

Maior atividade de incursões chinesas
O relatório do Ministério da Defesa aponta que a maioria dos casos ocorreu nas zonas do Mar da China Oriental, mais precisamente na zona que separa as ilhas de Okinawa e Miyako, no extremo sul do arquipélago japonês, conforme relatório divulgado no ano passado.

Tóquio reforçou a vigilância das atividades aéreas do país vizinho no Mar da China Oriental perante a disputa com Pequim pela soberania das ilhas Senkaku (Diaoyu, em chinês), administradas por Tóquio.

As incursões chinesas entre a ilha de Miyako e à ilha principal de Okinawa, que são próximas ao pequeno arquipélago em disputa, têm aumentado desde que o governo japonês nacionalizou as ilhas Senkaku, em setembro de 2012.

Tóquio diz que “as ilhas são território inerente do Japão e não há questão territorial a ser resolvida”, apesar das insistentes reivindicações por parte de China e Taiwan.

Desde o início do ano passado, observou-se um reforço da presença da China na zona contígua próxima às ilhas em disputas, principalmente depois que a controvertida reforma militar do Japão, que permite às tropas do país combater no exterior pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, entrou em vigor no ano passado.

Como a disputa em relação às ilhas Senkaku continua, as Forças de Autodefesa Aérea do Japão declarou que a China está modernizando suas forças aéreas e marítimas. Contudo, a China tem negado repetidamente que não reclama as ilhas com intenções militares e sim porque acredita que elas pertencem ao seu território desde tempos antigos.

Ilhas Senkaku
Ilhas Senkaku é a denominação do arquipélago constituído pelas ilhas Uotsuri, Kitakojima, Minamikojima, Kuba, Taisho, Okinokitaiwa, Okinominamiiwa e Tobise. Este grupo de ilhas está situado no Mar da China Oriental, aproximadamente a 170 quilômetros ao norte da ilha Ishigaki e a cerca de 410 quilômetros a leste da ilha de Okinawa.

Em 2012, o Japão estatizou o pequeno arquipélago desabitado após comprar as ilhas que pertenciam a um proprietário privado. No mesmo ano, o governo nacionalizou o arquipélago e o reafirmou como parte do município de Ishigaki, na província de Okinawa.

Apesar desse importante episódio, que deteriorou as já abaladas relações com Pequim, Tóquio afirma que as ilhas pertencem ao território japonês desde 1895, cujo controle foi passado para os Estados Unidos após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Em 1972, o direito administrativo das ilhas foi devolvido ao Japão como parte do “Acordo de Devolução de Okinawa” entre o Japão e os Estados Unidos, explica o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão em seu site oficial.

Contudo, Japão tem apoio total dos Estados Unidos nas questões das disputas territoriais com a China desde os tempos do ex-presidente Barack Obama, o que foi reforçado esta semana pelo atual presidente, Donald Trump.

O atual líder americano afirmou esta semana que seu governo apóia plenamente o Japão. A declaração ocorreu no último sábado (11), durante uma visita do premiê japonês Shinzo Abe a Washington.

Segundo a agência de notícias ‘Kyodo’, os dois chefes de Estado reafirmaram a aliança entre ambos os países durante o encontro. Trump prometeu que os Estados Unidos continuarão fornecendo “segurança” ao Japão, bem como a região, diante da ameaça do programa de mísseis balísticos da Coreia do Norte e da crescente assertividade da China.

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