Economia do Japão despenca 27,8% no segundo trimestre

A queda na comparação trimestral é a mais acentuada desde 1980, enquanto na base anual a retração é a maior desde 1955.
Pessoas caminhando no bairro de Asakusa em Toquio Foto Reproducao Kyodo
Tóquio | ©Kyodo

A economia do Japão no trimestre de abril a junho encolheu 27,8% em termos reais em relação ao mesmo período do ano anterior, configurando-se na contração mais acentuada já registrada no país, já que a atividade econômica japonesa foi restringida sob um estado de emergência em razão da pandemia do novo coronavírus, mostraram dados do governo na segunda-feira.

Os dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão correspondem a uma contração de 7,8% na comparação com o segundo trimestre deste ano (abril, maio e junho) com o trimestre anterior (janeiro, fevereiro e março), que registrou descenso de 2,2%, marcando um crescimento negativo pelo terceiro trimestre consecutivo, o que levou a terceira maior economia do mundo à recessão, de acordo com o relatório divulgado pelo Escritório Gabinete.

O descenso de 7,8% ante o primeiro trimestre é o pior resultado para o período, considerando os dados disponíveis na série histórica, desde 1980.

Em termos anualizados, a retração é considerada a maior já registrada desde 1955, quando os valores de referência tornaram-se disponíveis, disse um representante do Escritório do Gabinete.

Danos à economia

Mesmo antes da propagação do vírus, a economia japonesa já havia sido afetada pela briga comercial EUA-China, bem como pelo aumento do imposto sobre o consumo no ano passado. Mas os danos à economia aumentaram com o impacto da pandemia depois que o governo central declarou estado de emergência em abril.

Estado de emergência

Os governos locais pediram aos residentes que ficassem em casa, enquanto os serviços não essenciais foram forçados a suspender as operações, conforme reza a declaração de emergência, que foi emitida pela primeira vez em 7 de abril para Tóquio e seis outras prefeituras e, posteriormente, para todo o país. Mas, no final de maio, o estado de emergência foi levantado em todas as 47 prefeituras do país.

Efeitos

O estado de emergência decretado no período de abril e maio provocou um revés para o consumo, que teve contração de 8,6% no período, enquanto os investimentos das empresas caíram 0,2% (bens imóveis) e 1,5% (outros setores).

As exportações também caíram 18,5% e as importações 0,5%, enquanto os investimentos públicos registraram contração no primeiro trimestre, mas aumentaram 1,2% entre abril e junho.

O Japão, com balanço de quase 54.000 casos e cerca de mil mortes provocadas pela Covid-19, foi menos afetado que a maioria dos países europeus e os Estados Unidos.

O impacto do estado de emergência nipônico, que apelou à cooperação voluntária dos cidadãos e empresas, também foi menor que em outros países ricos.

Recuperação levará anos

Analistas estimam que a economia do país se recupere em mais de 10% no período de julho a setembro em relação ao trimestre atual, dada a retomada gradual da atividade econômica após o fim do estado de emergência. Porém, economistas creem que levará alguns anos para que a economia volte ao nível pré-pandêmico.

Os números mais recentes, que superam em muito o recorde anterior de uma contração anualizada de 17,8% no trimestre de janeiro a março de 2009, ano da crise financeira global, foram piores do que a previsão mediana de economistas do setor privado, que estimavam redução de 26,59%.

Outros dados do relatório do Gabinete

O relatório atual mostra que o consumo privado, que representa mais da metade da economia japonesa, cerca de 60%, caiu 8,2% em relação ao trimestre anterior.

A queda nos gastos do consumidor também foi a mais acentuada já registrada, ultrapassando uma queda de 4,8% no trimestre de abril a junho de 2014, após o aumento anterior do imposto sobre o consumo de 5% para 8% em 1º de abril daquele ano.

As exportações de bens e serviços, incluindo gastos de turistas estrangeiros, caíram 18,5%.

Enquanto isso, as importações registraram uma queda relativamente limitada de 0,5%, já que importações sólidas da China ajudaram a compensar o declínio na demanda dos Estados Unidos e de países europeus.

As despesas de capital privado, outro pilar importante da demanda doméstica, recuaram 1,5%, enquanto o investimento de imóveis privados caiu 0,2%.

Por fim, o relatório mostra que, em termos nominais, a economia japonesa contraiu 26,4% na base anual e 7,4% na comparação trimestral.

Mundo-Nipo (MN)
Fontes: Kyodo News | Escritório do Gabinete.

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