Executivo da Nissan preso no Japão sonegou mais de R$ 160 milhões

O brasileiro Carlos Ghosn foi preso por sonegação e fraude fiscal, além de uso de bens da Nissan para fins pessoais.
Carlos Ghosn wsj
Carlos Ghosn | Reprodução/WSJ

O presidente do conselho da Nissan e também CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o brasileiro Carlos Ghosn, foi preso ontem (19) no Japão por sonegação e fraude fiscal. Ghosn é acusado, ainda, de ter usado bens da empresa para fins pessoais, além de sonegar mais de 5 bilhões de ienes (o equivalente a equivale a R$ 167,4 milhões) de seu pagamento como presidente na montadora. De acordo com a Kyodo News, as fraudes fiscais ocorreram durante 5 anos, entre 2010 e 2015.

A montadora afirmou em nota que, baseada em denúncias, já estava conduzindo uma auditoria interna e investigando há meses os problemas de conduta envolvendo Ghosn e outro diretor da empresa, Greg Kelly.

O executivo brasileiro também é suspeito de ter usado unidades da Nissan na Europa para dissimular pagamentos de quase US$ 18 milhões para a compra de um imóvel de luxo num condomínio no Rio de Janeiro, além de uma casa em Beirute, desta a ‘Kyodo’.

Nesta terça-feira (20), um dia após a prisão de Ghosn, o jornal japonês Nikkei revelou parte das investigações que apontam para a suspeita de que a Nissan Motors teria criado uma afiliada na Holanda e que, a partir dessa unidade, US$ 17,8 milhões foram pagos em dois imóveis de luxo, no Rio e no Líbano.

De acordo com o jornal, a subsidiária holandesa foi criada em 2010, com um capital de US$ 53 milhões. O dinheiro seria usado para investimentos. Oficialmente, a empresa indicava que aqueles recursos tinham como objetivo apoiar startups, ainda que existam poucas evidências de que o dinheiro acabou tendo mesmo essa finalidade.

Para se chegar a essas informações, funcionários da Nissan usaram uma nova lei no Japão que permite o mecanismo da delação premiada. Ela foi introduzida em junho e o caso do brasileiro é apenas o segundo a envolver o novo mecanismo.

O ‘Nikkei’ informa ainda que os dois imóveis adquiridos a partir da unidade holandesa da Nissan eram para o uso de Ghosn. Além disso, cabia à empresa pagar por custos de manutenção e eventuais renovações. No total, estima-se que os gastos teriam chegado a 2 bilhões de ienes.

Em uma entrevista coletiva convocada às pressas ontem (19) no Japão, o presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, pediu desculpas aos acionistas e “às partes interessadas”, lamentando por ter “traído a confiança”.

Desde as prisões de Ghosn e Kelly, escritórios da sede da Nissan em Yokohama e em outros locais no Japão estão sendo investigados. Um dos focos da investigação é desvendar como o executivo dissimulou o fluxo de fundos que levaram à compra das casas no exterior, de acordo com o jornal japonês Asashi.

Brasileiro, natural de Porto Velho (RO), Ghosn passou sua infância no Rio e depois se mudou para Beirute, onde terminou o colegial. Ele foi presidente da montadora japonesa entre 2001 e 2017, mas deixou o cargo no ano passado para cuidar das parcerias com Renault e Mitsubishi, montadora que foi adquirida após passar por escândalos de fraude e na qual ele era membro do conselho, detalhou ontem o Jornal Nacional da Globo.

Apesar disso, permaneceu como presidente do conselho na Nissan. Um raro executivo estrangeiro no topo da carreira no Japão, Ghosn é bem visto por ter tirado a Nissan da beira da falência. Ele trabalhou por décadas para criar a aliança Renault e Nissan.

Do Mundo-Nipo
Fontes: Reuters | Nikkei | Asahi.

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