Dólar salta quase 2% e fecha acima de R$ 4 pela primeira vez na história

Somente neste ano, o dólar já avançou 52,47%. Em 12 meses, a moeda dos EUA acumula alta de 69,30%.

Do Mundo-Nipo com Agências

O dólar subiu pela quarta sessão consecutiva nesta terça-feira (22) e fechou no maior valor desde a criação do Plano Real, em 1994, pressionado pelas incertezas sobre a situação fiscal e turbulências políticas no Brasil, o que gerou nervosismo no mercado local diante de preocupações com um possível rebaixamento da nota de crédito do Brasil por uma segunda agência de classificação de risco.

A moeda norte-americana saltou 1,83%, cotada a R$ 4,0538 na venda. Trata-se do maior valor alcançado pela divisa americana frente ao real, moeda criada em 1994 como uma saída à falta de controle da inflação da época.

Até então, a cotação máxima de fechamento havia sido registrada em 10 de outubro de 2002, às vésperas da eleição presidencial que levou Luiz Inácio Lula da Silva ao poder pela primeira vez. Na ocasião, o dólar fechou a R$ 3,9900.

Somente neste ano, o dólar já avançou 52,47%. Em 12 meses, a moeda acumula alta de 69,30% frente ao real.

O movimento de aversão a risco no mercado local foi intensificado pela falta de perspectiva de uma melhora do quadro fiscal brasileiro, principalmente pelos temores de que o país perca o grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco. Tudo isso ocorre em meio a um cenário externo desfavorável para moedas emergentes.

Investidores acompanham a visita da agência de classificação de risco Fitch Ratings, que esteve reunida hoje com a equipe econômica para avaliar as contas públicas do país.

O mercado também reagiu diretamente à demora do governo em encaminhar a proposta da CPMF ao governo e à expectativa pela votação dos vetos às chamadas “pautas-bomba”, que implicariam em um aumento dos gastos do governo.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, sugeriram o adiamento da avaliação dos vetos às pautas-bomba, que se forem realmente derrubados, poderia aumentar nível de estresse nos mercados. Mas a presidente Dilma Rousseff pediu que os vetos fossem avaliados hoje para reduzir a incerteza no mercado e ajudar a amenizar a pressão de alta do dólar.

Além das turbulências domésticas, o câmbio sofre pressão do ambiente externo, onde as moedas de outros países emergentes também operaram em queda firme em relação ao dólar.

Há ainda preocupações com a desaceleração da economia chinesa e com o rumo da política monetária dos Estados Unidos, onde uma série de integrantes do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), ressaltaram na véspera que podem dar início ao aperto monetário ainda neste ano, depois de postergar na semana passada esse movimento em meio a preocupações com a economia global.

Juros mais altos nos EUA podem atrair para lá recursos atualmente aplicados em países emergentes, como o Brasil.

A forte valorização do dólar nesta terça-feira também deu força às apostas nas mesas de câmbio de que o Banco Central brasileiro pode ampliar ainda mais sua intervenção no câmbio, uma vez que cotações mais altas tendem a pressionar a inflação já elevada.

Na véspera, o BC realizou leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, mas o dólar ainda marcou o segundo maior fechamento contra o real na história. Mas não fez nesta sessão.

Nesta manhã, o BC deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Ao todo, já rolou o equivalente a US$ 6,740 bilhões, ou cerca de 71% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões.

Foram vendidos 1,35 mil contratos para 2 de janeiro de 2017 e 8,1 mil contratos para 3 de abril de 2017. Até a véspera, o BC vinha ofertando contratos para 1º de dezembro de 2016, em vez dos swaps para janeiro de 2017.

(Com informações das Agências Reuters e Valor Econômico)

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