Japão ameaça interromper ajuda financeira à Unesco

A ameaça é em protesto contra a decisão da Unesco em incluir o “Massacre de Nanquim” em seu Registro da Memória do Mundo.

Atualizado em 13/10/2015 – 08h15

Do Mundo-Nipo


O Japão, que afirma ser o segundo maior contribuinte para a Unesco depois dos Estados Unidos, ameaçou nesta terça-feira (13) interromper sua participação no financiamento à Unesco, em protesto contra a decisão do órgão em incluir documentos relacionados ao “Massacre de Nanquim” ou Nanjing, em sua lista de Registros da Memória do Mundo.

Anunciada na última sexta-feira, a decisão foi tomada durante uma reunião da Unesco, que durou três dias, entre 4 e 6 de outubro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Na sequência de um processo de dois anos, como parte do ciclo de 2014-2015, 88 pedidos de 61 países foram examinadas.

“Os documentos relacionados com esta onda de atrocidades cometidas pelo Exército Imperial japonês na China em 1937 foram incluídos neste Registro da Unesco”, anunciou na sexta-feira a agência da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com a Unesco, os documentos do Massacre de Nanquim é composto por três partes: a primeira diz respeito ao período do massacre (1937-1938); a segunda parte está relacionada com a investigação pós-guerra e julgamentos de criminosos de guerra 1945-1947; e a terceira parte trata dos processos jurídicos documentados entre 1952-1956.

Logo após o anúncio, o governo do Japão condenou a decisão, afirmando se tratar de um ato “extremamente lamentável”, e sugeriu ao órgão para revisar o processo.

“É extremamente lamentável que uma organização global, que deve ser neutra e justa, insira tais documentos no registo da Memória do Mundo, apesar dos repetidos apelos do Governo japonês”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Tóquio em nota emitida na sexta-feira.

Nesta terça-feira, o governo japonês reiterou sua posição e, afirmando ser o segundo maior contribuinte para a Unesco depois dos Estados Unidos, acusou o organismo de tomar uma decisão política, em contradição com a neutralidade que deve motivar suas escolhas.

“Acho que isso é um problema”, disse o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, acrescentando que o Japão tem “opiniões totalmente diferentes das da China” sobre a história do Massacre de Nanquim.

“Pretendemos examinar todas as medidas possíveis, incluindo a suspensão do pagamento das contribuições de nosso país” à Unesco, ameaçou Suga sem dar mais detalhes.

A China não demorou a reagir e afirmou que “as declarações de Tóquio é uma flagrante ameaça”. “Isso é chocante e totalmente inaceitável”, disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying.

Massacre de Nanquim
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ciclicamente os chineses manifestam nas ruas o seu profundo descontentamento com o Japão. Reclamam, no geral, que os japoneses até hoje não manifestaram a eles as devidas desculpas pela invasão de 1937, ocorrida durante a IIª Guerra Sino-japonesa (1937-1945).

Queixam-se ainda de que o governo japonês, ao editar os manuais escolares para os seus estudantes, procura esconder ou minimizar a responsabilidade do Japão contra a população civil naquela ocasião. Particularmente omitindo-se sobre o Massacre de Nanquim.

De acordo com historiadores, o Massacre de Nanquim foi um episódio de assassinato e estupros em massa cometidos por tropas do então Exército do Império do Japão contra a cidade de Nanquim, ex-capital da China Nacionalista, durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, na Segunda Guerra Mundial. O episódio ocorreu durante um período de seis semanas, a partir de 13 de dezembro de 1937, o dia em que os japoneses tomaram Nanquim, até fevereiro de 1938.

Fontes: Agência Kyodo | Agência AFP /Agence France-Presse | Voltaire Schilling, do Portal Terra.

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