Vereador no Japão se desculpa por mandar colega parlamentar ‘arrumar marido’

Uma vereadora de Tóquio foi vítima de comentários sexistas enquanto falava na Câmara sobre poio as famílias na criação dos filhos menores.

Do Mundo-Nipo com agências

Um vereador da Câmara em Tóquio pediu desculpas nesta segunda-feira (23) por mandar uma colega parlamentar “arrumar um marido”. O incidente causou desconforto ao governo japonês em meio a um grande esforço para aumentar a força de trabalho feminina no país, informou nesta segunda-feira a emissora pública ‘NHK’.

 

Akihiro Suzuki pede desculpas a Ayaka Shiomura (Foto: Kyodo)
O vereador Akihiro Suzuki, de 51 anos, pediu desculpas a Ayaka Shiomura em uma coletiva de imprensa na Câmara Municipal, nesta segunda-feira (Foto: Kyodo)

 

O incidente sexista ocorreu na semana passada, durante uma sessão na Câmara. A vereadora Ayaka Shiomura, de 35 anos, estava falando sobre medidas para frear a crescente retração na população de jovens no Japão, país que registra queda histórica na taxa de natalidade, conforme noticiou a emissora japonesa.

Segundo noticiou a Agência Reuters, a vereadora estava comentado sobre planos de apoio as famílias na criação dos filhos menores e medidas para aumentar a fertilidade no país, quando colegas “homens” a interromperam com frases como “se apresse e case-se logo” e “você não pode dar à luz?”.

O vereador Akihiro Suzuki, de 51 anos, que havia anteriormente negado ter feito tais comentários, pediu desculpas em uma coletiva de imprensa  na Câmara Municipal, nesta segunda-feira, classificando os comentários sexistas de “inapropriado”.

“Peço desculpas do fundo do meu coração por ter causado problemas e infligir um pesado sofrimento a colega parlamentar Ayaka Shiomura,”, disse o legislador, de acordo com a Agência Kyodo.

“Eu reconheço que há mulheres que querem se casar e não podem, e aquelas que querem ter filhos e não podem. Meus comentários não se preocuparam com pessoas como essas”, disse ele, de acordo com a Agência Reuters.

Os comentários sexistas causaram indignação no Japão e também irritaram representantes do Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro Shinzo Abe, já que foram feitos num momento em que o governo se prepara para anunciar planos econômicos que incluem aumentar a força de trabalho feminina, em uma sociedade onde muitos acreditam que o lugar delas ainda é em casa.

Suzuki, que se encontrou com Shiomura para pedir lhe desculpas pessoalmente, disse ter deixado o partido, mas afirmou que permanecerá na Câmara Municipal de Tóquio para “ajudar a melhorar a situação”.

Shiomura disse a repórteres que sentiu “algum alívio”, mas esperava que os outros provocadores também se apresentassem, destaca a Reuters.

Abe vem há tempos tomando medidas para mobilizar a força de trabalho feminina para revitalizar a economia e compensar a crescente escassez de mão de obra.

Seu plano de reforma econômica, que deve ser apresentado na terça-feira, terá como meta o aumento na proporção de mulheres gerentes corporativos de 7,5% no ano passado para 30% em 2020, bem como a criação de 400 mil novas vagas de creches para que as mulheres possam criar os filhos e trabalhar.

As mulheres no Japão são frequentemente encorajadas a deixar seus empregos depois de ter filhos e muitas que trabalham têm entre suas incumbências tarefas subalternas, como ter de servir chá aos seus colegas de trabalho do sexo masculino.

(Com informações da NHK News e das agências Reuters e Kyodo)

 


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