Um dia para celebrar a paz em Hiroshima

Milhares de pessoas se reuniram em Hiroshima, para marcar o 69º aniversário do lançamento da primeira bomba atômica da história.

Do Mundo-Nipo com Agência Kyodo

Milhares de pessoas se reuniram na manhã desta quarta-feira (6) em Hiroshima, para marcar o 69º aniversário do lançamento da primeira bomba atômica da história, que arrasou a cidade localizada no oeste do Japão.

 

69º aniversario do lançamento da bomba atômica em Hiroshima (Foto: Toshiyuki Hayashi/AJW)
A cerimônia contou com alguns sobreviventes, parentes de vítimas, autoridades do governo e delegações estrangeiras (Foto: Toshiyuki Hayashi/AJW)

 

Alguns sobreviventes, parentes de vítimas, autoridades do governo e delegações estrangeiras permaneceram imóveis às 8h15 (20h15 de Brasília), quando ressoou um sino que dava o sinal para guardar um minuto de silêncio na hora exata em que, em 6 de agosto de 1945, o bombardeiro americano ‘Enola Gay’ largou a bomba que transformou a cidade em um inferno nuclear.

Após o minuto de silêncio, o prefeito da cidade, Kazumi Matsui, pediu ao governo japonês liderado por Shinzo Abe e a outros líderes mundiais, como o presidente dos EUA Barack Obama, que “trabalhem para conseguir uma maior aproximação entre os países que dispõem de armas nucleares e o restante do mundo”, visando “o desarmamento total”. Ele também convidou Obama, “e a todos os dirigentes das nações nucleares a visitar as cidades da bomba A o mais cedo possível”.

A cerimônia transcorreu sob uma chuva fina e marcada pelo silêncio dos milhares de presentes, que só foi quebrado pelos discursos de representantes políticos, de jovens da cidade e de sobreviventes da bomba – conhecidos no Japão como ‘hibakusha’ – e pelos breves aplausos que acompanharam suas intervenções.

Durante o ato também foi colocada uma lista com os nomes das 292.325 vítimas da bomba dentro de um monumento situado no Parque da Paz, na qual foram incluídos 5.507 ‘hibakushas’ que morreram no ano passado.

Entre os presentes estava o primeiro-ministro do Japão, a embaixadora dos Estados Unidos, Caroline Kennedy, e representantes de outros 67 países, entre eles potências nucleares como Reino Unido, França e Rússia.

 

O Domo de Hiroshima

69º aniversario do lançamento da bomba atômica em Hiroshima (Foto: Toshiyuki Hayashi/AJW)
O Domo de Hiroshima, uma das poucas construções que permaneceu de pé após a explosão atômica de 1945 (Foto: Toshiyuki Hayashi/AJW)

Para muitos, Hiroshima é um lugar que, mesmo reconstruída e modernizada, será para sempre lembrada por uma tragédia. A sua região central guarda Genbaku Dome, recordação da explosão atômica que pulverizou Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945 se transformou num símbolo da paz.

A bomba lançada pelo avião Enola Gay explodiu 160 metros acima do prédio que pertencia à Prefeitura. Todos os que trabalhavam no local morreram instantaneamente, mas a estrutura permaneceu de pé. Foi a única, num raio de muitos quilômetros.

O Domo era um dos destaques da movimentada área comercial da cidade durante a Segunda Guerra. Hoje é o marco principal de um parque preservado pela Unesco, cercado de dois rios e muitas cerejeiras.

A maioria dos visitantes vai a Hiroshima apenas por um dia para andar por ali (a viagem de trem-bala a partir de Tóquio dura quatro horas). Todos os anos, no aniversário do ataque que levou à rendição japonesa, moradores e turistas acendem lanternas de papel flutuantes iluminando as águas ao redor do parque. No Memorial da Paz, onde os japoneses rezam pelos mortos, uma chama eterna arderá até que a última arma nuclear seja destruída.

Os acontecimentos que marcaram aquela manhã de agosto são reconstituídos no Museu Memorial da Paz, projetado por um dos grandes nomes da arquitetura japonesa, Kenzo Tange, em 1955.

Em nenhum outro lugar é possível entender de forma tão clara o poder devastador da radiação. Fotos, vídeos, depoimentos de sobreviventes, maquetes detalhadas e objetos da época chocam, mas não são expostos de forma sensacionalista. Tampouco há troca de acusações entre Estados Unidos e Japão, dois inimigos mortais que se transformaram em grandes aliados.

O museu é sobre a paz. Sua intenção é fazer com que todos saiam com a certeza de que o sofrimento vivido pela população de Hiroshima e de Nagasaki (bombardeada três dias depois) jamais poderá se repetir.

 (Texto extraído do artigo de Claudia Sarmento / O Globo)

 


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