Suicídio de crianças atinge nível recorde no Japão

No ano letivo de 2020 no Japão, mais de 400 crianças e adolescentes cometeram suicídio, incluindo sete alunos do primário.
Alunos de escola primaria em Sapporo Foto Reproducao Kyodo 900x600 1
©Kyodo

O número de suicídios entre crianças e adolescentes no Japão no ano de 2020 passou de 400 pela primeira vez, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (13) pelo governo do país, sinalizando que a pandemia de Covid-19 é responsável pelo crescimento recorde do índice, informou a NHK World News, site de notícias da emissora pública japonesa NHK.

A pesquisa faz parte do estudo anual do Ministério da Educação do Japão, que analisa as escolas primárias (Fundamental I), do ginasial (Fundamental II) e do ensino médio, além de escolas de educação especial em todo o país. O estudo abrange bullying, evasão escolar e suicídios entre os alunos.

Nesta quarta-feira, o ministério divulgou os resultados da pesquisa realizada no ano letivo de 2020, que teve início em abril de 2020 e término em março de 2021, o que corresponde ao ano fiscal japonês.

Os resultados mostram um recorde de 415 crianças que se mataram no ano até março. O número é quase 100 suicídios a mais em relação ao ano letivo anterior.

Do total de suicídios, sete alunos estavam cursando o ensino Fundamental I, 103 alunos do ensino Fundamental II, enquanto 305 cursavam o ensino médio.

Evasão escolar

A taxa de ausência de alunos também tem aumentado. O número de faltas de crianças do ensino fundamental I triplicou nos últimos dez anos, para um em cada 100, enquanto o índice para o ensino Fundamental II foi de um em 24, um aumento de 50%.

A pesquisa também analisou o número de crianças que pararam de frequentar a escola devido a preocupações com a Covid-19.

O relatório mostra que um total de 30.287 alunos do ensino Fundamental I e II, e do ensino médio estiveram ausentes por 30 dias ou mais devido a tais preocupações no ano letivo de 2020.

Eguchi Arichika, chefe da divisão de assuntos estudantis do ministério, diz que os resultados mostram que as mudanças nos ambientes escolar e doméstico devido à pandemia tiveram um grande impacto no comportamento das crianças e que o aumento no número de suicídios é muito lamentável.

O oficial acrescenta que o ministério trabalhará para encorajar as crianças a buscar ajuda. A meta da pasta é garantir oportunidades de aprendizagem para os alunos que não podem frequentar a escola, conforme noticiou a NHK.

Índice global de suicídio de crianças e jovens

O mais recente relatório da Unicef sobre suicídios está focado na saúde mental de crianças e adolescentes. A organização alerta que crianças, adolescentes e jovens poderão sentir o impacto da Covid-19 em sua saúde mental e bem-estar por muitos anos.

De acordo com o The State of the World’s Children 2021; On My Mind: promoting, protecting and caring for children’s mental health (Situação Mundial da Infância 2021: Na minha mente: promovendo, protegendo e cuidando da saúde mental das crianças), mesmo antes da Covid-19, crianças, adolescentes e jovens carregavam o fardo das condições de saúde mental sem um investimento significativo para resolvê-los.  

Segundo as últimas estimativas disponíveis, calcula-se que, globalmente, mais de um em cada sete meninos e meninas com idade entre 10 e 19 anos viva com algum transtorno mental diagnosticado.

De acordo com o órgão, quase 46 mil adolescentes morrem por suicídio a cada ano, uma das cinco principais causas de morte nessa faixa etária. Enquanto isso, persistem grandes lacunas entre as necessidades de saúde mental e o financiamento de políticas voltadas a essa área.

O relatório constata que apenas cerca de 2% dos orçamentos governamentais de saúde são alocados para gastos com saúde mental em todo o mundo.

Confira os dados completos da Unicef no relatório Impacto da covid-19 na saúde mental de crianças, adolescentes e jovens.

== Mundo-Nipo (MN)

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