Cientistas japoneses desenvolvem máquina capaz de ler pensamentos

O “Neurocomunicador” permite a pacientes com doenças degenerativas se comunicar através do pensamento, exibindo seus desejos em uma tela.

Do Mundo-Nipo

Neurocomunicador (Foto: Divulgação)
O “Neurocomunicador” permite a pacientes com doenças degenerativas se comunicar através do pensamento, exibindo seus desejos em uma tela (Foto: Divulgação)

A ciência do cérebro está avançando rapidamente, possibilitando maravilhas semelhantes a que vemos em filmes de ficção científica, como um dispositivo que pode ler os pensamentos das pessoas enquanto elas dormem ou outro que permite uma pessoa manipular objetos apenas com o pensamento.

Ryohei Hasegawa, chefe do grupo de pesquisa de neurotecnologia no Instituto Nacional de Ciência Avançada e Tecnologia Industrial do Japão, e seus colegas pesquisadores estão trabalhando em uma máquina chamada “Neurocomunicador”. O dispositivo permite a pacientes que têm dificuldade de falar devido a certas doenças, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA), se comunicar com outras pessoas usando o poder do pensamento para exibir os seus desejos em uma tela.

A degeneração progressiva dos neurônios causados ​​por ELA gradualmente interfere com a capacidade do cérebro para iniciar e controlar o movimento muscular, levando à paralisia total.

O aparelho em questão pode ler os desejos da pessoa através da detecção de mudanças nas ondas cerebrais. O protótipo do Neurocumunicador detecta e analisa “ondas P300”. Estes geralmente ocorrem aproximadamente 0,3 segundo após um estímulo sensorial através da visão. A onda aumenta quando o utilizador está prestando atenção ao estímulo e mais fraco quando não.

O paciente é instruído a se concentrar em uma palavra que descreve o que ele ou deseja fazer entre oito opções na tela, como “beber” ou “rolar”. A máquina acende uma luz indicando a escolha, uma por uma, através de alterações nas ondas P300, refletindo qual ícone o usuário está focando.

Embora as alterações nos padrões de onda sejam sutis, ela pode ser rápida e precisa utilizando uma “função de tomada de decisão virtual”, que permite ao operador detectar as flutuações dentro de 5 ou 6 segundos e com uma taxa de erro de 5% ou menos. Uma vez que a escolha inicial é feita, a próxima tela mostra outro conjunto de oito ícones que são relevantes para a escolha inicial. Ao utilizar a máquina, os pacientes com deficiências motoras graves podem transmitir até 512 mensagens diferentes.

Tais dispositivos é um novo tipo de interface cérebro-máquina (BMI, na sigla em inglês), que se conecta diretamente ao cérebro humano através de um computador. Um grande número de cientistas no Japão está trabalhando no BMI que, se bem sucedido, dará aos seres humanos o poder de controlar objetos telepaticamente, como eletrodomésticos e cadeiras de rodas, por exemplo.

No ano passado, pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências Fisiológicas, liderado pelo professor Yukio Nishimura, uniram-se com um grupo de pesquisadores da Universidade de Washington. Eles desenvolveram uma tecnologia que permitiu um macaco mover a mão paralisada, ignorando a sua medula espinhal danificada, conseguindo transmitir sinais nervosos do cérebro para a mão.

Esta tecnologia, chamada de “conexão neural artificial”, detecta sinais no centro motor no córtex cerebral, e usa um circuito eletrônico para conectar o cérebro aos membros por “reencaminhamento” dos impulsos nervosos em toda a parte danificada da medula espinhal para a parte que ainda é funcional. O macaco foi capaz de mover sua mão, sem passar por um programa de treinamento difícil.

Embora este método ainda esteja sob estudos, ele é  bastante promissor e pode ser aplicado a seres humanos brevemente. Se a medula espinhal não estiver completamente rompida, a nova tecnologia pode ser capaz de reforçar as conexões neurais que ainda existem, abrindo as portas para um novo tipo de fisioterapia.

As informações são do jornal Nikkei.

 


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