O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou que pretende declarar estado de emergência em Tóquio e em seis outras prefeituras vizinhas devido ao novo coronavírus que tem dado sinais de disseminação generalizada em todo o Japão, informou nesta segunda-feira (6) a Kyodo News.
Abe tem enfrentado crescentes pedidos de governadores e médicos locais para emitir um estado de emergência devido ao medo de que um pico exponencial de infecções forçaria ainda mais o sistema de saúde do país.
A declaração cobrirá Tóquio e as prefeituras vizinhas de Chiba, Kanagawa e Saitama, além de Osaka, Hyogo e Fukuoka.
“Esperamos declarar o estado de emergência a partir desta terça-feira depois de ouvir a opinião do painel de especialistas”, disse Abe à imprensa. Ele informou ainda que o governo deve apresentar um super pacote de 108 trilhões de ienes para auxiliar a terceira maior economia do planeta.
“Estamos vendo um rápido aumento de novas infecções, em particular em áreas urbanas como Tóquio e Osaka,” afirmou Abe, amenizando um pouco a medida ao afirmar que o estado de emergência não será tão rígido conforme as medidas de bloqueio vista no exterior.
De acordo com a lei japonesa, a quarentena em toda a cidade, como vistos em outros países afetados pelo coronavírus, como China e França, não podem ser aplicada no país asiático.
Abe irá realizar uma conferência de imprensa para explicar sua decisão às 19h de terça-feira (7), segundo informou o Escritório de Gabinete.
Uma vez declarado o estado de emergência, os governadores das prefeituras podem instar os residentes locais a ficarem em casa e restringir o funcionamento de escolas e outras instalações para impedir a propagação do coronavírus.
As autoridades também poderão requisitar terrenos ou edifícios para fins médicos. Porém, não deve incluir medidas de isolamento social tão drásticas como as que estão em vigor em muitos países.
Número baixo de infectados
Apesar de ser vizinho de China, origem do novo coronavírus, o país foi muito menos afetado até o momento pela pandemia de Covid-19 que a Europa ou Estados Unidos. A baixa disseminação do vírus no país vinha sendo elogiada, uma vez que Japão não havia apelado para quarentena.
Porém, a contagem diária de novos casos aumentou consideravelmente na semana passada e, por isso, o governo vem sendo alvo de críticas por demorar a tomar medidas mais enérgicas.
Segundo Abe, um número crescente de casos em que as rotas de transmissão não podem ser rastreadas aumentou repentinamente no país. Ele alertou para um “aumento descontrolado se as pessoas baixarem a guarda”, admitindo ainda que o Japão não está conseguindo manter a baixa disseminação das infecções conforme visto no início.
A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, e o governador de Osaka, Hirofumi Yoshimura, juntamente com a Associação Médica do Japão, vinham intensificando os apelos a Abe para tomar tal medida.
Porém, antes de declarar estado de emergência, Abe precisa primeiro consultar um painel de médicos e especialistas em saúde pública que determinarão se a situação é justificada. Ele terá que notificar o Parlamento com antecedência.
Acordos estão em andamento para o painel se reunir às 10h de terça-feira (7), disse um alto funcionário do governo, segundo a Kyodo News.
Número de infectados no Japão
Nesta segunda-feira, o número de pessoas com coronavírus em todo o Japão ultrapassou os 4.500, incluindo cerca de 700 do navio Diamond Princess, com 107 mortes relatadas.
Tóquio confirmou 143 novas infecções no domingo (5), marcando a maior taxa diária de aumento da cidade e elevando o total da capital para 1.033 infectados pelo Covid-19.
Mediante o aumento da epidemia, a governadora de Tóquio pediu no fim de semana à população que adote o ‘home office’ e evite as saídas não indispensáveis.
Estado de emergência
Abe ganhou o direito de iniciar o processo de estabelecer um estado de emergência em 13 de março, quando o Parlamento aprovou a versão revisada de uma lei promulgada em resposta à pandemia de gripe suína de 2009. A revisão é efetiva por dois anos.
Recentes solicitações do primeiro ministro para que todas as escolas fechem e que grandes eventos esportivos e de entretenimento sejam cancelados ou adiados para impedir a transmissão em grupo foram feitos sem a base legal para aplicá-las.
Acredita-se que uma das razões para o recente aumento de infecções seja a importação de casos do exterior, levando o governo a implementar uma proibição de entrada de viajantes estrangeiros que estiveram recentemente em um ou mais de 73 países e regiões.
Super pacote de auxílio
O governo está organizando uma robusta injeção financeira para amenizar os efeitos da epidemia, que incluirá doações em dinheiro para famílias em dificuldades.
Abe prometeu medidas de estímulo “mais ousadas” para ajudar famílias e empresas em dificuldades em meio à epidemia do coronavírus. Segundo ele, o valor será bem maior do que o pacote de 56,8 trilhões de ienes (US$ 522 bilhões) lançado durante a crise financeira global de 2008.
O jornal financeiro Nikkei sugeriu nesta segunda que o super pacote japonês pode chegar perto do estímulo implementado pelos Estados Unidos contra o coronavírus no mês passado, que foi de aproximadamente US$ 2,2 trilhões.
A mídia internacional, no entanto, especula que o valor do pacote possa superar a cifra de US$ 1 trilhão, enquanto o site da emissora pública NHK adiantou, citando fontes, que o montante ficará entre US$ 1,2 trilhão e US$ 1,5 trilhão.
Recessão
Economistas creem que o Japão, já sofrendo com o aumento dos impostos sobre o consumo em outubro passado, tenha entrado em recessão durante o trimestre de janeiro a março devido ao impacto da pandemia.
Mundo-Nipo (MN)
Fontes: Kyodo News | NHK News | Nikkei Asian.
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