O Prêmio Nobel de Física de 2015 foi concedido aos pesquisadores Takaaki Najita, do Japão, e Arthur B. McDonald, do Canadá, pela descoberta da oscilação dos neutrinos, mostrando que, ao contrário do que antes se acreditava, eles de fato têm massa. O prêmio foi anunciado pela Real Academia de Ciências da Suécia nesta terça-feira (6), às 11h49 em Estocolmo (6h49 pelo horário de Brasília).
Najita nasceu em 1959 na cidade de Higashimatsuyama, no Japão, e se formou em 1986 na Universidade de Tóquio, onde atua como professor e dirige o Instituto de Pesquisa de Raios Cósmicos.
McDonald, nascido em 1943 em Sydney, no Canadá, se graduou em 1969 no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em Pasadena (EUA), e é professor emérito na Universidade Queen’s de Kingtson, também no Canadá.
Najita e McDonald trabalharam em experimentos importantes para detectar e estudar essas partículas, muito difíceis de capturar por não possuírem carga elétrica e terem massa extremamente leve. Ambos dividirão o prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 963 mil).
“A descoberta levou à conclusão, de um alcance considerável, de que os neutrinos, por muito tempo considerados como partículas sem massa, deviam possuí-la, ainda que pequena”, declarou o comitê do Nobel em comunicado.
“Para a física de partículas, é uma descoberta histórica”, saudou o júri.
Os experimentos dos dois físicos ganhadores do Nobel de 2015 mostraram que os neutrinos do elétron também poderiam se transformar em “neutrinos do tau” ou “neutrinos do múon”, associados a outras partículas elementares. Uma implicação disso era que essas partículas possuem massa, algo que não era esperado.
Os neutrinos são partículas sem carga elétrica, quase desprovidas de massa, que caem aos bilhões sobre a Terra e as pessoas, atravessando-as sem causar dano algum. Eles são provenientes de reações nucleares do Sol, ou originários de choque de partículas mais pesadas da atmosfera terrestre. Essas estranhas partículas têm a capacidade de se transformar em um outro tipo de neutrino.
Essa propriedade, também conhecida como oscilação, foi confirmada em 1998, quando Kajita, descobriu que os neutrinos da atmosfera “mudavam de identidade” em seu caminho até o Super-Kamiokande, no Japão, onde eram detectados.
Super-Kamiokande é um conjunto de dectores de 40 metros de altura construído numa mina de zinco a 1 km de profundidade. Esse projeto, perto de Tóquio, é onde Kajita estuda os neutrinos produzidos por raios cósmicos na atmosfera terrestre.
Enquanto isso, no Canadá, McDonald demonstrava que os neutrinos provenientes do Sol não desapareciam em seu caminho até a Terra, como se prensava: eles eram na realidade capturados com uma identidade diferente ao chegar ao Observatório de Neutrinos de Sudbury.
A descoberta desse comportamento singular dos neutrinos permitiu resolver um quebra-cabeças com o qual os físicos haviam lutado por anos.
A confirmação de que neutrinos têm massa contraria aquilo que era sugerido pelo Modelo Padrão, a teoria vigente da física de partículas, sugerindo que ele não é uma descrição completa da física fundamental. Antes disso, acreditava-se que os neutrinos fossem entidades sem massa, como os fótons.
É a quarta vez que pesquisas sobre neutrinos são premiados com o Nobel. Em 2014, o Prêmio Nobel de Física foi concedido a dois japoneses e a um norte-americano. Os cientistas Isamu Akasaki e Hiroshi Amano, do Japão, e Shuji Nakamura, dos EUA, foram premiados por seus trabalhos que permitiram a fabricação de LEDs coloridos.
Takaaki Najita é o 24º japonês a receber o Nobel em toda a história da premiação. A categoria de Física é a segunda do Nobel premiada esta semana. Na segunda-feira (5), os cientistas Satoshi Omura (Japão), William C. Campbell (Irlanda/EUA), e Youyou Tu (China) foram laureados com o Nobel de Medicina e Fisiologia, por desenvolverem tratamentos contra infecções parasitárias e nova terapia contra malária.
Desde 1901, as honrarias do Nobel para realizações na medicina, ciência, literatura e paz são concedidas a cada ano, seguindo as determinações do testamento do inventor da dinamite, o empresário Alfred Nobel.
O vencedor do Prêmio Nobel de Literatura será anunciado na quinta-feira (8). No dia seguinte será divulgado o vencedor do Nobel da Paz, na sexta-feira (9). O de economia acontece no dia 12.
Fontes: Agência Estado | Agência Kyodo | NHK News.
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