As Olimpíadas de Tóquio serão realizadas sem público em locais dentro e ao redor da capital japonesa devido a um aumento nas infecções por Covid-19, disseram os organizadores nesta quinta-feira (08), após tomarem uma decisão sem precedentes apenas duas semanas antes da abertura do evento esportivo global.
Abandonando seu plano anterior de sediar os Jogos Olímpicos com um número limitado de expectadores, o anúncio veio depois que o governo japonês decidiu colocar Tóquio em outro estado de emergência até 22 de agosto, em meio a preocupações crescentes de que os jogos poderiam desencadear um novo surto de coronavírus.
Além de Tóquio, as Olimpíadas serão realizadas a portas fechadas em Chiba, Kanagawa e Saitama, três prefeituras perto de Tóquio, disse a ministra encarregada dos Jogos Olímpicos, Tamayo Marukawa, em entrevista coletiva. Alguns outros locais das Olimpíadas estão localizados fora da área metropolitana.
A nova política de restrição de espectadores na cidade-sede foi acertada em reunião com a presença de Thomas Bach, chefe do Comitê Olímpico Internacional, e representantes dos quatro órgãos do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), bem como dos governos do Japão e da metrópole de Tóquio.
“É extremamente lamentável que os Jogos sejam realizados de maneira muito limitada em razão da disseminação de novas infecções por coronavírus”, disse Seiko Hashimoto, presidente do Comitê Organizador. “Lamento muito pelos detentores de ingressos e residentes locais que estavam ansiosos pelos jogos”, acrescentou.
Reunião remota
No início da reunião virtual, que foi aberta à imprensa, Bach disse que ele e o chefe do IPC, Andrew Parsons, continuam “comprometidos” em entregar os Jogos com segurança aos organizadores japoneses.
“Mostramos essa responsabilidade desde o dia do adiamento”, disse Bach. “E também o mostraremos hoje, e apoiaremos qualquer medida que seja necessária para que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos sejam seguros e protegidos para o povo japonês e todos os participantes”.
Dúvidas sobre expectadores
A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, disse em entrevista coletiva que os organizadores decidirão quantos espectadores serão permitidos nas instalações paralímpicas após o encerramento das Olimpíadas.
Mesmo com a decisão, ainda é incerto como serão as Olimpíadas quando ocorrerem entre 23 de julho e 8 de agosto, após um primeiro adiamento no ano passado devido à pandemia do coronavírus.
Tendo já barrado espectadores do exterior, os cinco organizadores decidiram no final do mês passado permitir que a capacidade das instalações fosse preenchida em até 50%, com o máximo de 10.000 pessoas por local de competição, no pressuposto de que a situação do Covid-19 em Tóquio seria o melhor apoiado pela implementação tardia da vacinação no Japão.
Depois que Tóquio começou a se recuperar de mais uma onda de novas infecções por Covid-19, o governo japonês e o comitê organizador planejaram reduzir o limite de espectadores para 5.000.
Aumento de casos de coronavírus
No entanto, Tóquio relatou na quarta-feira 920 novas infecções, registrando a contagem diária mais alta desde meados de maio, enquanto especialistas médicos continuam a alertar sobre os perigos de ir em frente com os Jogos quando muitos países estão lutando com a rápida disseminação da variante Delta, da Índia, altamente contagiosa.
Nesta quinta-feira, Tóquio relatou 896 novos casos do vírus, excedendo o número registrado uma semana antes pelo 19º dia consecutivo.
Prejuízos
Desde o adiamento dos jogos em março do ano passado, o governo esperava que ter o maior número possível de espectadores e visitantes no país ajudaria a reavivar a economia de uma crise induzida pelo coronavírus.
Não permitir expectadores em Tóquio também será um duro golpe para o comitê organizador, que inicialmente projetou a receita de ingressos em 90 bilhões de ienes (US$ 820 milhões).
Roteiro do presidente do COI no Japão
Bach participou de uma reunião remota a partir do hotel em que está hospedado, depois de chegar a Tóquio no início do dia.
De acordo com o comitê organizador, Bach ficará em quarentena no hotel por três dias. Ele deve visitar a vila dos atletas no distrito de Harumi, em Tóquio, e realizar reuniões com o corpo organizador, tanto pessoalmente quanto remotamente.
O COI também está organizando uma visita de Bach a Hiroshima, devastada por uma bomba atômica lançada pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 16 de julho, dia do início de uma trégua olímpica adotada pelas Nações Unidas.
== Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Kyodo.
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