A China suspendeu a emissão de vistos de curto prazo no Japão e na Coreia do Sul nesta terça-feira (10), uma dia depois de anunciar que iria retaliar países que exigissem testes de Covid-19 aos viajantes chineses, informou o jornal japonês The Japan Times.
O governo chinês abandonou a quarentena obrigatória para entrada no país e permitiu a retomada das viagens através de sua fronteira com Hong Kong desde domingo (8), removendo as últimas grandes restrições sob o regime “Covid Zero” que começou abruptamente a desmantelar no início de dezembro, após protestos históricos contra as restrições.
Contudo, o vírus está se espalhando sem controle entre sua população que soma mais de 1,4 bilhão de pessoas e as preocupações com a escala e o impacto da pandemia levaram Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e outros países a exigir testes de Covid para os viajantes da China.
Embora a China imponha requisitos de teste semelhantes para todas as chegadas no país, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse a repórteres nesta terça-feira que as restrições de entrada para viajantes chineses eram “discriminatórias” e que a China tomaria “medidas recíprocas”.
No primeiro movimento de retaliação, a embaixada chinesa na Coreia do Sul suspendeu a emissão de vistos de curto prazo para visitantes sul-coreanos. Isso ajustaria a política sujeita ao levantamento das “restrições discriminatórias de entrada” da Coreia do Sul contra a China, disse a embaixada em sua conta oficial do WeChat.
Logo depois, a embaixada chinesa no Japão anunciou uma ação semelhante, dizendo que seus consulados suspenderam a emissão de vistos a partir de terça-feira. O comunicado da embaixada, no entanto, não disse quando a emissão de visto seria retomada.
A mudança ocorreu logo depois que o Japão endureceu as regras do Covid-19 para viajantes chegados diretamente da China, exigindo resultado negativo de teste de PCR feito menos de 72 horas antes da partida do país, bem como um teste negativo na chegada ao Japão.
Depois que a Covid-19 voltou com força e fugiu ao controle na China, o governo parou de publicar os registros diários referente ao número de casos e de morte por Covid. Agora, o país tem relatado cinco ou menos mortes por dia desde a reviravolta na política, números que foram contestados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e são inconsistentes, uma vez que as empresas de serviços funerários têm relatado uma demanda crescente.
Países no ocidente também expressaram preocupações sobre a transparência dos dados de Pequim, já que especialistas internacionais preveem pelo menos 1 milhão de mortes na China somente este ano. Washington também alertou sobre futuras mutações potenciais do vírus em razão do aumento de casos na China.
Pequim, porém, rejeita as críticas sobre seus dados como tentativas politicamente motivadas em difamar seu “sucesso” no manejo da pandemia e disse que quaisquer mutações futuras provavelmente serão mais infecciosas, mas menos prejudiciais.
“Desde o surto, a China tem uma atitude aberta e transparente”, disse Wang, do Ministério das Relações Exteriores.
Mas, à medida que as infecções aumentam no vasto interior rural da China, muitos, incluindo vítimas idosas, simplesmente não se preocupam em fazer o teste.
Número de casos bate recorde na China
“Enquanto isso, a mídia estatal minimiza a gravidade do surto”, comenta o Japan Times em sua publicação via Reuters.
Um artigo no Health Times, uma publicação gerenciada pelo People’s Daily, o jornal oficial do Partido Comunista, citou várias autoridades dizendo que as infecções estão diminuindo na capital Pequim e em várias províncias chinesas.
Enquanto isso, funcionários da potência tecnológica do sul de Shenzhen anunciaram hoje que a cidade havia ultrapassado seu pico.
Kan Quan, diretor do Escritório de Prevenção e Controle de Epidemias da Província de Henan, disse que quase 90% das pessoas na província central de 100 milhões de pessoas foram infectadas em 6 de janeiro.
Na província oriental de Jiangsu, o pico foi alcançado em 22 de dezembro, enquanto a província vizinha de Zheijiang disse que “a primeira onda de infecções passou sem problemas”, disseram as autoridades.
Os mercados financeiros encararam as últimas restrições nas fronteiras como mero inconveniente, com o yuan atingindo seu maior nível em quase cinco meses.
Embora os voos diários dentro e fora da China ainda estejam em um décimo dos níveis pré-pandêmico, empresas em toda a Ásia, de lojistas sul-coreanos e japoneses a operadoras de ônibus de turismo tailandeses e grupos de K-pop comemoraram a perspectiva de mais turistas chineses.
Em mais um sinal de abertura, o Aeroporto Internacional de Daxing retomará os voos internacionais pela primeira vez em quase três anos a partir de 17 de janeiro, junto com o Aeroporto Internacional da Capital Pequim.
Ainda de acordo com o Japan Times, os turistas chineses gastavam, em média, US$ 250 bilhões por ano no exterior antes da pandemia de Covid-19.
== Mundo-Nipo (MN)