Autoridades japonesas da área de controle de doenças sexualmente transmissíveis estão muito preocupadas com o avanço alarmante da sífilis no Japão, principalmente entre os jovens do sexo feminino, representando mais de 50% do total de casos registrados entre as mulheres, de acordo com o relatório revisado do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, órgão ligado ao Ministério da Saúde do Japão.
O número total de casos de sífilis no país aumentou mais de cinco vezes em quatro anos e estão no seu nível mais alto desde 1974, alertou o Instituto.
O número de pessoas infectadas no país chegou a 4.518 em 2016, de acordo com dados revisados e divulgados esta semana. O número representa mais de duas centenas que o apurado no relatório preliminar divulgado em 13 de janeiro deste ano, quando foi reportado 4.259 casos no ano passado.
O total apurado em 2016 representa 3.643 a mais que o registrado em 2012 , quando 875 pessoas foram diagnosticadas com a doença, ou seja, o número mais que quintuplicou no decorrer de quatro anos. Além disso, os casos notificados no ano passado cresceram 77,8% em relação a 2015 e mais de 700% na comparação com 2006.
Os homens representaram cerca de 70% dos pacientes em 2016, com uma taxa de infecção semelhante em todos os grupos etários. No entanto, mais de 50% das pacientes do sexo feminino estavam em seus 20 anos, mostrando que a infecção está se tornando mais desenfreada na faixa etária mais jovem, alerta o Instituto.
Especialistas afirmam que a doença, um problema principalmente urbano, está se espalhando rapidamente tanto entre homossexuais como heterossexuais. No entanto, “a razão para o aumento nos últimos anos permanece incerto”, disseram.
Mais de 100.000 pessoas foram infectadas anualmente nos primeiros anos do pós-guerra, mas o aumento da disponibilidade de medicamentos para lidar com a doença tinha maciçamente reduzido o número. Menos de 1.000 pacientes por ano foram registrados anualmente até 2012. Fonte: The Asahi Shimbun.
Sobre a sífilis
A doença sexualmente transmissível é causada por uma bactéria e atinge homens e mulheres, mas tem tratamento e cura. O principal sintoma da sífilis é o aparecimento de uma pequena ferida nos órgãos genitais ou na boca.
Depois de alguns meses, a doença pode progredir provocando manchas nas palmas das mãos e nas solas dos pés. Quando não identificada e tratada, pode causar cegueira, paralisia, doenças neurológicas e problemas no coração.
São quatro fases, a primária, a secundária, a latente e a terciária, que é a quarta fase. Na fase latente, a pessoa tem a bactéria causadora da sífilis, porém ela não tem as suas manifestações, mas a longo prazo a fase latente passa para terciária, em que a pessoa pode ter a neurossífilis, quando acontecem manifestações neurológicas
A doença é especialmente perigosa para as mulheres grávidas, pois pode levar ao aborto espontâneo, à morte fetal e à doença transmitida ao feto, fazendo com que o bebê nasça doente ou incapacitado. Fonte: Infectologista Melissa Amorim.
Sintomas e diagnóstico de sífilis em recém-nascidos
Um recém-nascido com sífilis pode ter grandes bolhas cheias de líquido ou uma erupção plana de cor acobreada nas palmas das mãos e nas plantas dos pés com altos à volta do nariz e da boca, assim como na zona da fralda. Regra geral, observa-se um aumento dos gânglios linfáticos, do fígado e do baço
O bebê pode não crescer bem e ter um aspecto de «velho», com fendas à volta da boca. Pode sair muco, pus ou sangue pelo nariz. Alguns bebês podem desenvolver uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro (meningite) ou do olho (coroidite). Estes bebês podem ter convulsões e a pressão dentro do cérebro pode aumentar de tal maneira que origine um aumento dos espaços que contém o líquido (hidrocefalia). Outras crianças podem sofrer atraso mental. Nos primeiros três meses de vida, a inflamação dos olhos e das cartilagens pode causar um quadro onde apareça paralisia dos braços e das pernas do bebê.
Muitas crianças com sífilis congênita permanecem na fase latente da doença durante toda a sua vida e nunca apresentam nenhum sintoma. Outros, finalmente, apresentam sintomas, como chagas (úlceras) dentro do nariz e do palato. Podem aparecer altos arredondados (protuberâncias) nos ossos das pernas e no crânio. A infecção do cérebro não costuma provocar sintomas na infância, mas com o tempo a criança pode ficar surda ou cega. Os dentes incisivos podem ter forma pontiaguda (dentes de Hutchinson).
Os sintomas característicos constituem uma base importante para o diagnóstico. O médico confirma o diagnóstico examinando ao microscópio uma amostra da erupção das bolhas ou da mucosidade nasal e solicitando exames de anticorpos. Fonte: Manual MSD.
Por Maria Rosa/Mundo-Nipo
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