Brasil está sob ameaça de surto de sarampo e pólio

Brasil tem mil casos confirmados de sarampo e a pólio retorna após erradicada desde 1994.
Vacina contra sarampo e caxumba Foto Cristine Rochol PMPA min
Foto: Cristine Rochol / PMPA

O sarampo era considerado uma doença erradicada no Brasil desde 2016, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou que o país não registrava casos do vírus por cerca de um ano.

Porém, boletins recentes da entidade advertem que está em curso no Brasil um surto da doença altamente contagiosa, que pode levar à morte de crianças pequenas ou causar sequelas graves.

Entre 1º de janeiro e 23 de maio deste ano, foram registrados 995 casos de sarampo no país, sendo 611 no Amazonas e 384 em Roraima, incluindo duas mortes, segundo a OMS.

A terceira morte foi confirmada na quinta-feira. Segundo a BBC, um bebê de sete meses morreu em Manaus em 28 de junho depois de apresentar febre, manchas na pele, tosse e coriza. A Secretaria de Saúde local investiga agora se a morte de uma bebê de nove meses também foi por sarampo.

Dois casos de sarampo confirmados no Rio de Janeiro
Depois de confirmar na segunda-feira (9) dois casos de contagio de sarampo no Rio de Janeiro, a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro teme que o surto da doença chegue ao estado, que tinha a doença erradicada há 18 anos.

Segundo o órgão, dois estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tiveram o diagnóstico de sarampo confirmado.

As amostras dos pacientes foram analisadas pelo Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), laboratório de referência do Ministério da Saúde. Os estudantes diagnosticados participaram de um encontro em Petrópolis com jovens de vários estados brasileiros.

A proteção contra o sarampo faz parte das vacinas Tríplice Viral e Tetra Viral, disponíveis conforme calendário de vacinação do Ministério da Saúde para crianças entre 12 e 15 meses.

A cobertura vacinal contra a doença para crianças de 1 ano no estado é de 95%. Devem ser vacinadas as crianças de até um ano e adultos de até 49 anos que não tenham sido imunizados. Aqueles que tomaram as duas doses da vacina não precisam tomar nova dose.

Contagioso e perigoso
O sarampo tem sua transmissão diretamente de pessoa a pessoa, por meio das secreções do nariz e da boca expelidas pelo doente ao tossir, respirar ou falar.

Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são febre, tosse persistente, conjuntivite e coriza.

Após estes sintomas, geralmente há o aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés, com duração mínima de três dias. Além disso, pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia, diarreia, convulsões e lesões no sistema nervoso.

Retorno da poliomielite após mais de 20 anos
“Entre as doenças já controladas no país, destaco preocupação com a poliomielite, a rubéola congênita e, como estamos vendo, o sarampo, que poderá se espalhar para outras regiões do Brasil” afirma o diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso. “É preciso aumentar a cobertura vacinal da população contra essas doenças.”

No mês de junho, o Ministério da Saúde informou haver alto risco de retorno da poliomielite em pelo menos 312 cidades brasileiras. A doença era considerada erradicada no continente desde 1994, após décadas provocando milhares de casos de paralisia infantil.

Os alertas acima colocam em evidência doenças que estavam controladas graças à vacinação em massa, mas que ameaçam provocar estragos na saúde pública brasileira caso a imunização sofra baixas.

“A volta da poliomielite, doença que não tínhamos há mais de 20 anos, poderá significar uma situação grave para o Brasil”, disse à BBC News Brasil a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.

Todos os municípios brasileiros são considerados lugares de risco, com exceção apenas dos localizados em Rondônia, Espírito Santo e do Distrito Federal. Das mais de 300 cidades em que se estuda a confirmação dos casos de poliomielite, 44 estão no Estado de São Paulo, segundo a BBC.

No alerta emitido no dia 28 de junho, o Ministério da Saúde explicou que municípios que não conseguiram atingir nem 50% da cobertura vacinal nos últimos anos estão na lista de maior risco para a volta da pólio. Cidades da Bahia e do Maranhão são as que menos imunizaram seus moradores nos últimos anos, tendo vacinado apenas 15% da população.

São duas as vacinas que previnem a poliomielite: a VOP, Vacina Oral Poliomelite, aplicada via oral aos 2, 4 e 6 meses de vida, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade; e a VIP, Vacina Inativada Poliomielite, que tem injetada uma dose aos 15 meses e outra aos 4 anos de idade. Ambas as vacinas são oferecidas nas Unidades Básicas de Saúde.

Em agosto, o Ministério da Saúde realizará campanha de vacinação nacional contra pólio.

Mundo-Nipo
Fontes: Terra | BBC News | Bem Estar / Rede Globo.

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