O programa do Japão para pesquisas na Antártida completa 60 anos este ano. Desde que a Estação de Pesquisa Showa começou a funcionar, equipes de pesquisadores têm sido enviadas periodicamente à região no Pólo Sul, localizada a cerca de 14 mil quilômetros do território japonês, informou nesta segunda-feira a emissora estatal japonesa ‘NHK’.
Atualmente, pelo menos 19 nações mantêm 40 estações na Antártida com pesquisadores que passam o ano inteiro na região. O Japão tem quatro instalações do tipo, onde conduz observações meteorológicas, entre outros estudos.
Para falar sobre o programa japonês na região, a ‘NHK’ conversou Yoichi Motoyoshi, professor do Instituto Nacional de Pesquisa Polar. Na matéria, o professor fala sobre conquistas feitas pelos pesquisadores japoneses e planos futuros.
Abaixo, segue as explicações do professor (traduzido pela “NHK News Brasil”)
É muito interessante ver esse projeto nacional completando 60 anos. Isso acontece porque é preciso observar a Antártida por muito tempo para aprender mudanças que ocorrem na Terra. A descoberta do buraco na camada de ozônio, por exemplo, não teria sido feita em apenas um ou dois anos de trabalho.
Há também a questão dos inúmeros meteoritos que são encontrados na região. Antes das observações começarem, nenhum pesquisador no mundo imaginava que o Pólo Sul tinha uma quantidade tão grande de meteoritos. Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantas substâncias de fora da Terra.
Há pouco tempo, meteoritos da Lua e de Marte foram encontrados na região, o que trouxe grandes avanços a pesquisas geológicas e de materiais do sistema solar.
Uma das estações de pesquisa do Japão, a Dome-Fuji, fica sobre uma camada de gelo com 3.000 metros de espessura. Pesquisadores fizeram perfurações até sua base rochosa. Ela foi formada pela neve acumulada que caiu e endureceu. Ou seja, suas camadas mais profundas são as mais antigas. Pesquisadores conseguiram obter amostras que ajudaram a esclarecer mudanças climáticas ocorridas há centenas de milhares de anos.
Atualmente, a Estação Showa tem um projeto que envolve um grande radar atmosférico. Ele foi montado com 1.045 antenas semelhantes às usadas em televisões porque elas emitem ondas eletromagnéticas que chegam à atmosfera.
Em 2015, a Estação Showa começou a fazer observações de grande escala sobre movimentações a até 500 quilômetros de altitude na atmosfera. Agora, pesquisadores também querem tentar descobrir a temperatura precisa de elétrons e íons na atmosfera.
Hoje, o aquecimento global na superfície terrestre é um assunto muito debatido. Mas vale dizer que algumas áreas da atmosfera estão ficando extremamente frias. Eu acho que um tema essencial no futuro será a avaliação da verdadeira extensão do aquecimento global. Vai ser importante esclarecer que mudanças vão ocorrer e quais efeitos elas terão sobre as pessoas, conclui o professor Motoyoshi na entrevista que foi ao ar na emissora ‘NHK’ e transmitida no Japão em 8 de agosto.