Do Mundo-Nipo
Um hospital em Tóquio divulgou nesta segunda-feira (20) que está pronto para realizar mastectomias preventivas em pacientes portadoras de mutação no gene BRCA 1 e BRCA 2, que são altamente suscetíveis ao câncer de mama, informou o jornal The Asahi Shimbun.
O Hospital Internacional de São Lucas disse que seu comitê de ética aprovou os procedimentos de mastectomia preventiva em julho de 2011, quando passou a permitir que pacientes portadores de câncer, em apenas uma das mamas, optassem pela remoção das duas.
O hospital fez o anúncio motivado pelo drama da atriz norte-americana Angelina Jolie, que na semana passada anunciou ter se submetido a uma dupla mastectomia para reduzir suas chances de desenvolver câncer de mama após descobrir ser portadora de mutação no gene.
Outra instituição de saúde, o Instituto do Câncer de Tóquio, também pretende pedir a sua comissão de ética para autorizar ainda este mês as mastectomias preventivas.
Apenas pacientes portadores da mutação nos genes BRCA 1 e BRCA2 é que podem optar por este procedimento. O Hospital São Lucas está apto a executar as cirurgias. Já o Instituto do Câncer espera realizar o procedimento assim que a comissão de ética der a aprovação.
No São Lucas, nenhuma das mulheres tinha sofrido mastectomia antes de desenvolver a doença em um dos seios. Já no Instituto Hospital do Câncer, exames de câncer de mama, incluindo exames de mamografia, estão sendo realizados com mais frequência do que antes. No entanto, até o momento, ninguém pediu para submeter-se a uma mastectomia preventiva.
A presença no gene da mutação BRCA1 ou BRCA2, que é hereditária, aumenta em 87% o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama.
De acordo com o Jornal Asahi, uma pesquisa revelou que, no Japão, entre os portadores do gene da mutação, 65 mil mulheres, ou uma em cada 15, desenvolveram câncer de mama pela primeira vez em 2008. Os dados indicam que no exterior a taxa é de 5% a 10% de todos os pacientes manifestarem a doença.
A mutação pode ser identificada pela análise genética de um paciente. Este exame é recomendado para pessoas que fazem parte do grupo de risco, ou seja, com histórico de incidência de câncer precoce na família, quando a doença surge antes dos 40 anos.
No Japão, o exame genético para câncer de mama custa em torno de 200 mil a 230 mil ienes (cerca de 4 mil a 4,6 mil reais), e uma mastectomia pode custar de 700 mil a 1 milhão de ienes (cerca de 14 mil a 20 mil reais). Nenhum deles é coberto pelo seguro de saúde pública.
O Ministério da Saúde, Trabalho e Previdência Social disse que o sistema de seguro público, basicamente, não cobre a medicina preventiva e que é difícil disponibilizar um seguro somente para os pacientes com potencial para desenvolver o câncer de mama.
Mais de 80 hospitais no Japão realizam o rastreamento genético para câncer de mama e cerca de 1.600 mulheres fizeram o exame desde que foi introduzido em 2008.
Akihiro Yanagisawa, membro da CancerNet Japan, um grupo de apoio a pacientes com câncer, disse que as mastectomias preventivas “pode fornecer uma opção para as mulheres que estão preocupadas com o câncer de mama”, mas ressaltou que estava preocupado com o custo financeiro para os que somente desejam fazer uma triagem.
Mika Masuda, uma jornalista especializada em questões médicas relacionadas ao câncer de mama, disse que tratamentos para a saúde mental devem ser oferecidos a pessoas com alto risco de desenvolver a doença.
“Eu acredito que muitas mulheres não podem aceitar imediatamente submeter-se a uma mastectomia após descobrir ter potencial para desenvolver a doença”, disse Masuda ao The Asahi Shimbun.
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