Do Mundo-Nipo
O cientista Hiroshi Kitazato disse que a descoberta de uma grande massa de granito no leito marinho do sudeste brasileiro leva a fortes evidências de um continente perdido no Oceano Atlântico, informou a agência Kyodo.
A massa de granito foi encontrada na região conhecida como Alto Rio Grande a 1,5 mil quilômetros do Rio de Janeiro e a mais de quatro mil metros de profundidade.
A expedição foi realizada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) com a cooperação da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec).
O submergível japonês Shinkai 6500, capaz de descer até 6,5 mil metros de profundidade, foi usado para coletar material da região do Alto Rio Grande.
Pesquisadores brasileiros, por meio de dragagem, já tinham encontrado granito na região, mas confirmaram a presença da rocha com os mergulhos possibilitados pelo submergível japonês.
O Shinkai 6500 custou cerca de US$ 130 milhões ao governo japonês e faz pesquisas em águas profundas desde 1991. Também foram investidos US$ 100 milhões no navio Yokosuka, para adequar a embarcação para transportar o submergível.
Segundo o geólogo e paleontólogo Hiroshi Kitazato, coordenador da Jamstec, o achado pode ser a prova da existência de um continente perdido.
“Nós ficamos muito entusiasmados quando descobrimos, pois éramos céticos quanto a existência de um continente no local”, disse Hiroshi Kitazato a agência Kyodo em entrevista realizada na última sexta-feira.
A possibilidade de um continente ter existido na área é devida, em grande parte, pelo fato de que o granito é normalmente formado em terra seca. A descoberta, que foi divulgada no mês passado, tem gerado grande interesse de pesquisadores do mundo inteiro, com alguns supondo que o achado pode ser parte do lendário continente perdido de Atlântida, mencionado pelo filósofo grego Platão.
O granito é uma rocha associada com as placas continentais. O morro do ‘Pão de Açúcar’ no Rio de Janeiro, por exemplo, é feito de granito. Por isso, a suspeita de que o Alto Rio Grande já esteve fora da água.
Segundo os pesquisadores, há milhões de anos, quando a América e a África se afastaram, essa parte de terra deve ter mergulhado no mar. Eles dizem que é possível saber como era o relevo desse pedaço de terra e até imaginar como seria a vegetação na época.
O tamanho do Alto Rio Grande ainda não foi definido com clareza, mas estima-se que seja comparável ao Estado de São Paulo. Países como Rússia e França já requereram áreas no Atlântico Sul, onde a China também realiza pesquisas, o que torna o estudo estratégico para o Brasil, que possui a maior costa do oceano.
Em maio, quando o achado foi divulgado, o diretor de Geologia e Recursos Minerais do CPRM, Roberto Ventura, disse que a região pode se tornar um ponto de mineração submarina, com a perspectiva de extração de ferro, manganês e cobalto.
Hiroshi Kitazato destacou o interesse do Japão em pesquisar o oceano. Ele disse que a região é a que menos foi explorada no mundo inteiro. “Acreditamos que é muito importante pesquisá-la”, afirmou o pesquisador japonês que coordenou os trabalhos da Jamstec na expedição.
Agora, os cientistas estão se empenhando para determinar exatamente quando esse continente perdido foi parar no fundo do mar.
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