Confiança dos fabricantes do Japão piora com alta dos custos de matéria-prima

Os custos mais altos das matérias-primas foram ampliados pela queda acentuada do iene, ameaçando reduzir os lucros do setor manufatureiro japonês.
Bandeira japonesa no alto da cúpula do Banco do Japão | Foto: Reprodução / Bloomberg
©Bloomberg

A confiança entre os principais fabricantes do Japão piorou pelo terceiro trimestre consecutivo, segundo o relatório “Tankan” do Banco do Japão (BoJ, pela sigla em inglês), que é divulgado trimestralmente, ressaltando que os custos mais altos das matérias-primas foram ampliados pela queda acentuada do iene, o que ameaça reduzir os lucros, informou nesta segunda-feira a Kyodo News.

A leitura do principal índice, que mede a confiança do setor manufatureiro, como o automobilístico e o eletrônico, caiu para 8 no trimestre de julho a setembro. No trimestre anterior, o índice ficou em 9, de acordo com a pesquisa Tankan.

O resultado frustrou a expectativa média de mercado, que estimava avanço do indicador para 11 em uma pesquisa realizada pela Kyodo.

Enquanto isso, o clima entre os não fabricantes melhorou ligeiramente para 14, de 13 na pesquisa anterior, marcando o segundo trimestre consecutivo de alta, à medida que a atividade econômica acelerou com a remoção das restrições anti-coronavírus.

O índice Tankan representa o porcentual de empresas japonesas que descreveram as condições de negócios como favoráveis, menos as que relataram condições desfavoráveis.

À medida que a guerra da Rússia contra a Ucrânia se arrasta ao longo de meses, os custos mais altos de energia e matérias-primas desanimam as perspectivas econômicas, levando as empresas a repassar os custos crescentes para proteger seus lucros.

Enfraquecimento do iene

O iene despencou em relação ao dólar americano, refletindo o aumento do diferencial das taxas de juros entre o Japão e os Estados Unidos, uma vez que a inflação vem se acelerando em velocidades diferentes.

As empresas na pesquisa esperam que o dólar seja negociado a 125,71 ienes, em média, no atual ano fiscal, que termina em março de 2023, o que representa uma alta acentuada em relação aos 118,96 ienes da pesquisa anterior.

O Japão realizou uma intervenção cambial em setembro para conter a rápida depreciação do iene. Ainda assim, o dólar estava sendo negociado perto de 145 ienes nesta segunda-feira.

“O iene mais fraco é positivo para montadoras e fabricantes de máquinas, mas há muitas empresas que não conseguiram repassar custos mais altos, impulsionados pelo iene mais fraco”, disse Kobayashi.

Política monetária do BC japonês

O BOJ manteve sua política de taxas ultrabaixas para apoiar a economia, ainda no meio da recuperação pós-COVID-19, mas sua postura persistentemente levou a uma queda implacável do iene, aumentando os custos de importação para o país que, por sua vez, é pobre em recursos.

Inflação

Refletindo a atual inflação impulsionada pelos custos mais elevados, as empresas na pesquisa esperam um aumento de 2% nos preços em relação ao ano anterior, atingindo a meta do BOJ pela primeira vez em cinco anos.

O banco central japonês, no entanto, espera que o núcleo do índice de preços ao consumidor, excluindo itens voláteis de alimentos frescos, fique abaixo de sua meta no ano fiscal de 2023 e 2024.

“Vale a pena notar que a perspectiva de preços atingiu 2%. O mais importante é se as expectativas de inflação continuarão a melhorar a partir do próximo ano fiscal, já que um crescimento salarial robusto é um pré-requisito para a mudança de política (pelo BOJ)”, disse Toru Suehiro, economista sênior da Daiwa Securities.

Os dados mostraram que as principais empresas estavam aumentando cada vez mais os preços no varejo para refletir os custos mais altos dos insumos, embora muitas empresas ainda estivessem lutando para repassar esses custos.

O índice de preços de venda no setor manufatureiro subiu para 36, ​​sua leitura mais alta desde 1980, enquanto seu valor equivalente para custos de insumos ficou em 65, também o nível mais alto desde o mesmo ano.

Melhoria no setor de serviços

A indústria hoteleira e de restaurantes estava menos pessimista do que antes, com o sentimento melhorando para menos 28, mas ainda assim ficou atrás de outros setores não manufatureiros.

Embora a economia do Japão provavelmente tenha crescido no trimestre julho-setembro, os economistas esperam que isso aconteça em um ritmo mais lento do que a taxa real anualizada de 3,5% em abril-junho.

Expectativa de sentimento e de investimento

Espera-se que o sentimento entre os grandes fabricantes melhore ligeiramente para 9 nos próximos meses, enquanto a confiança entre os não-fabricantes é projetada para cair a 11, mostram os dados, sobrecarregados pelos custos mais altos de insumos.

As empresas japonesas, fabricantes e não fabricantes, planejam aumentar o investimento de capital no ano fiscal de 2022 em 16,4% em relação ao ano anterior, revisado para cima de 14,1% na pesquisa anterior. O aumento foi o maior já registrado no trimestre até setembro.

O BOJ pesquisou 9.268 empresas, das quais 99,5% responderam entre 29 de agosto até a última sexta-feira.

== Mundo-Nipo (MN)


Descubra mais sobre Mundo-Nipo

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Total
0
Shares
Veja mais dessa categoria