FMI pede ao Japão que siga com plano de elevar imposto para 10%

O FMI afirma que seria muito perigoso se o governo de Abe retarde a elevação do imposto.

Do Mundo-Nipo

Naoyuki Shinohara (Foto: Kyodo)
Naoyuki Shinohara disse que seria muito perigoso se o governo de Abe retarde a elevação do imposto (Foto: Kyodo)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ser essencial que o Japão avance com a segunda etapa de seu plano para elevar o imposto sobre vendas, em meio a sinais de que o governo está reconsiderando a ideia por preocupação de que possa afetar a nascente recuperação econômica do país.

“A administração do primeiro-ministro Shinzo Abe deve prosseguir com o aumento de impostos conforme o planejado, e assim enviar uma mensagem ao mercado que tem vindo a promover sua reabilitação fiscal”, declarou o vice-diretor gerente do FMI, Naoyuki Shinohara, em uma entrevista à Agência Kyodo durante sua visita a Astana, capital do Cazaquistão, para participar de uma reunião anual do Banco Asiático de Desenvolvimento.

Existe a preocupação de que o governo adie o aumento de impostos para 10%, programado para outubro de 2015, caso a economia japonesa mostre sinais de desaceleração acentuada após a primeira fase do aumento em 3 pontos porcentuais, para 8%, que entrou em vigor em 1º de abril.

“Seria muito perigoso se o governo de Abe retarde a elevação do imposto”, afirma Shinohara, expressando forte preocupação de que um fracasso em assegurar a disciplina fiscal provocaria um colapso do mercado de dívida soberana japonesa.

A ausência de reformas estruturais e fiscais de credibilidade pode pesar sobre a confiança e minar o sucesso das reformas iniciadas. Isso seria não apenas prejudicial ao Japão, mas também para o resto do mundo.

Para aliviar o impacto negativo do aumento de impostos sobre a economia, Shinohara disse que o governo japonês pode compilar um orçamento suplementar para este ano fiscal, que termina em março de 2015.

“À medida que as expectativas de inflação têm vindo a aumentar de forma constante, [o Banco do Japão] não tem de implementar medidas adicionais de flexibilização monetária”, disse ele, afastando a especulação de que o banco central do país pode agir se o crescimento dos preços mostrar sinais de pico devido à estagnação da demanda doméstica.

Shinohara, no entanto, acrescentou que seria difícil para o banco central alcançar sua meta de inflação de 2% até à primavera do próximo ano.

A saúde fiscal do Japão já é a pior entre as principais economias industrializadas com dívida pública equivalente a mais de 200% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, a dívida do governo central superou 1.000 trilhões de ienes pela primeira vez na história.

Em abril de 2013, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) adotou medidas de estímulo para acabar com 15 anos de deflação, prometendo dobrar a oferta de dinheiro para alcançar a meta de inflação de 2% em dois anos.

A estratégia inicial consiste em comprar mensalmente cerca de 7,5 trilhões de ienes em títulos do governo de longo prazo, assim como ativos de risco como bônus corporativos e fundos de investimentos focados em ações e imóveis. Enquanto o aumento do imposto sobre o consumo visa cobrir os crescentes encargos sociais em meio a uma população cada vez mais envelhecida.

Analistas, no entanto, advertem que a primeira elevação em 17 anos do imposto sobre vendas poderia ferir os gastos dos consumidores e os investimentos e, por sua vez, retardar o crescente progresso que economia japonesa tem demostrado nesses últimos meses.

(Do Mundo-Nipo com Agência Kyodo)

 


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