OCDE adverte que economia do Japão pode desacelerar sem aumento de salários

A OCDE também reduziu suas projeções de crescimento da economia global e do Japão em 2014.

Do Mundo-Nipo

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu, nesta terça-feira (6), suas projeções para o crescimento econômico do Japão em 2014, advertindo que “a economia do país pode enfrentar uma forte desaceleração” se a inflação subir sem a expansão dos salários.

A organização com sede em Paris e que é integrada por 34 nações avançadas, disse em seu relatório semestral que a terceira maior economia do mundo irá expandir 1,2 por cento este ano, rebaixando sua previsão em novembro de 1,5 por cento em termos de inflação ajustada pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

A OCDE, por sua vez, instou o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe a promover reformas estruturais e aumentar a taxa de imposto sobre o consumo para 10 por cento em outubro do próximo ano, seguindo com seu plano de restaurar a precária saúde fiscal do país.

“Embora o recente aumento da inflação seja encorajador, isso poderia minar a recuperação se não for acompanhada por um aumento correspondente nos salários”, disse a OCDE, expressando preocupação sobre o potencial impacto negativo do forte aumento dos preços ao consumidor, como parte do programa de reforma do Banco do Japão que inclui uma flexibilização monetária “agressiva” mediante a um programa de compra de ativos, fixando uma meta inflacionária em 2%.

No Japão, os medos são persistentes de que os salários não são susceptíveis de crescer a um ritmo que possa ajudar a prevenir uma desaceleração nos gastos dos consumidores e investimentos após o aumento de preços, que inclui as duas etapas da elevação do imposto sobre consumo, de 5% para 8%, que entrou em vigor em 1º de abril, e a programada para acontecer em outubro de 2015, quando irá aumentar para 10%.

Os preços ao consumidor de Tóquio, que é visto como principal indicador dos preços em todo o país, subiram 2,7 por cento em abril ante o ano anterior, o maior aumento em 22 anos.

Quanto à reabilitação fiscal, a organização disse que “um plano de consolidação orçamental detalhado e credível para atingir a meta de superávit primário no ano fiscal de 2020 continua a ser uma prioridade para manter a confiança nas finanças públicas do Japão”.

“A taxa de imposto sobre o consumo deve ser elevada a 10 por cento até 2015, como planejado, na tentativa de cobrir os custos de segurança social em meio ao envelhecimento da população japonesa”, acrescentou.

Para manter a austeridade orçamentária da economia, a OCDE pediu ao Japão para realizar “reformas estruturais ousadas”.

O governo de Abe se comprometeu a reduzir pela metade a proporção de seu saldo do déficit primário em relação ao PIB até o ano fiscal 2015, e virar a balança para um excedente por ano fiscal, até 2020. Um déficit na balança significa que o país não pode financiar os gastos do governo com exceção da dívida – manutenção dos custos sem a emissão de novas obrigações.

A saúde fiscal do Japão é a pior entre as principais economias industrializadas, com uma dívida pública equivalente a mais de 200 por cento do PIB. A dívida do governo central superou os 1,000 trilhões de ienes no ano passado, pela primeira vez na história.

Quanto a economia global, a OCDE projetou um crescimento de 3,4 por cento este ano, uma queda de 0,2 por cento ao projetado em novembro passado, quando a organização previu um crescimento de 3,6 por cento.

A OCDE cortou a previsão de crescimento da China este ano para 7,4 por cento, de 8,2 por cento projetado em novembro.

Sobre os Estados Unidos, o relatório semestral diz que a economia norte-americana continuará com sua recuperação, a expansão é de 2,6 por cento este ano e de 3,5 por cento em 2015.

O PIB real na zona do euro deverá registar uma contração de 0,4 por cento em 2013, afetado pela crise da dívida soberana da Europa, mas é provável que cresça 1,2 por cento em 2014 e 1,7 por cento em 2015, segundo o relatório.

“O crescimento global e o comércio irão se fortalecer a um “ritmo moderado” entre 2014 e 2015”, destaca a OCDE.

“Mas há riscos descendentes para a economia mundial, como a possível desaceleração econômica na China, a volatilidade do mercado em algumas economias emergentes, que são decorrentes da redução gradual do programa de estímulo do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), e as tensões geopolíticas na Ucrânia”, acrescentou.

(Do Mundo-Nipo com Agência Kyodo)

 


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