O presidente do Banco do Japão (BoJ, banco central japonês), Haruhiko Kuroda, pediu desculpas na terça-feira (7) por um comentário no dia anterior, no qual disse que as famílias no país estavam aceitando melhor os aumentos de preços. A fala de Kuroda provocou críticas e ressaltou a sensibilidade do público ao aumento do custo de vida, informou a agência Reuters.
O comentário veio em um momento delicado para o governo do primeiro-ministro Fumio Kishida, que enfrenta crescentes pedidos para combater o aumento dos custos de alimentos e combustível antes da eleição na Câmara Alta no próximo mês.
“Lamento que a expressão tenha causado algum mal-entendido”, disse Kuroda a repórteres, acrescentando que havia sido inapropriado para ele dizer que as famílias estavam se tornando mais receptivas aos aumentos de preços.
Ainda de acordo com a Reuters, o legislador da oposição Kenji Katsube, um dos vários políticos que questionaram Kuroda no Parlamento, disse mais cedo que o comentário do presidente do Banco do Japão mostrou que ele “não entende como o público se sente” sobre os aumentos de preços.
Por sua vez, o ministro do Comércio, Koichi Hagiuda, disse, em resposta às perguntas dos repórteres, que “isso [o comentário de Kuroda] se desvia um pouco da realidade”, segundo a agência japonesa Kyodo.
A observação também atraiu críticas nas redes sociais, com respostas usando a hashtag “Não podemos aceitar aumentos de preços”.
Um usuário escreveu: “Estamos comprando mercadorias porque são necessidades diárias, não porque estamos aceitando preços mais altos (…) Todos estão sofrendo”.
Outro escreveu: “Somente pessoas ricas como você puderam economizar durante a pandemia do coronavírus”.
Embora tenha admitido que suas palavras possam ter sido inadequadas, Kuroda disse que a observação pretendia ajudar a explicar a necessidade de mais crescimento salarial.
“Não pretendemos apenas aumentar os preços”, disse ele. “Em vez disso, queremos criar um ciclo positivo em que os preços subam em conjunto com o crescimento salarial mais forte e a atividade econômica”.
Preços ao consumidor
O núcleo de preços ao consumidor do Japão registrou alta de 2,1% em abril na comparação com mesmo mês do ano anterior, superando a meta de inflação do BOJ pela primeira vez em sete anos, impulsionada principalmente pelo aumento dos preços de alimentos e do combustível.
Autoridades do BOJ afirmam repetidamente que essa inflação de custo será temporária e não afetará significativamente a economia, e muito menos desencadeará a retirada do estímulo monetário, conforme noticiou a Reuters.
== Mundo-Nipo (MN)
Com a Reuters.
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