Atualizado em 15/11/2023
Os salários reais no Japão caíram pelo 18º mês consecutivo, enquanto os gastos dos consumidores prolongaram a queda decorrente de meses, com o aumento dos preços comprimindo o poder de compra das famílias e aumentando a pressão dos grupos trabalhistas para aumentos salariais mais elevados, informou a Reuters nesta quinta-feira (8).
Os mercados financeiros em todo o mundo têm prestado muita atenção às tendências salariais na terceira maior economia do mundo. O Banco do Japão (BOJ, o banco central japonês) considera aumentos salariais sustentáveis como um dos pré-requisitos para aliviar seu estímulo monetário ultra frouxo.
Os salários reais ajustados pela inflação, um termômetro do poder de compra do consumidor, caíram 2,4% em setembro ante o mesmo mês do ano anterior, após uma queda revisada de 2,8% em agosto, mostraram dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Previdência Social do Japão.
A taxa de inflação ao consumidor usada pelas autoridades para calcular os salários reais, que inclui os preços dos alimentos frescos, mas exclui o aluguel equivalente dos proprietários, desacelerou para 3,6%, a menor desde setembro do ano passado.
Ainda assim, o crescimento dos salários nominais em setembro foi de 1,2%, após uma revisão em baixa de 0,8% em agosto, ligeiramente melhor do que em julho.
As grandes empresas concordaram com aumentos salariais médios de 3,58% este ano, o maior aumento em 30 anos. Os salários médios dos trabalhadores japoneses permaneceram praticamente estáveis desde que a bolha de ativos estourou no início dos anos 1990 até este ano.
A Rengo, maior organização trabalhista do Japão, deve exigir aumentos salariais de 5% ou mais, enquanto o UA Zensen, maior sindicato industrial do país, pretende buscar um aumento salarial de 6% nas negociações no início do próximo ano.
Alguns economistas, no entanto, não estão otimistas com a perspectiva de recuperação do consumo.
“Mesmo que salários mais altos sejam negociados para o próximo ano, há o risco de a inflação voltar a acelerar caso o governo não estenda os atuais subsídios de combustível e energia”, disse Shunsuke Kobayashi, economista-chefe da Mizuho Securities, à Reuters.
O governo do primeiro-ministro Fumio Kishida elaborou na semana passada um pacote de estímulo econômico de 17 trilhões de ienes (US$ 113,72 bilhões) que inclui reduzir o imposto de renda anual e outros impostos em 40.000 ienes (US$ 267,58) por pessoa, além de pagar 70.000 ienes a famílias de baixa renda.
Os pagamentos especiais caíram 6% em termos homólogos em setembro, após uma queda revisada de 6,3% em agosto. O indicador tende a ser volátil em meses fora das temporadas de bônus bianuais de novembro a janeiro e de junho a agosto.
O crescimento do salário-base em setembro avançou 1,4% na comparação anual, ante alta revisada de 1,2% no mês anterior, mostraram os dados.
O pagamento de horas extraordinárias, um indicador da atividade empresarial, subiu em setembro 0,7% em termos homólogos, após um ganho revisto de 0,2% em agosto.
Índice das despesas dos lares no Japão
Os gastos das famílias caíram 2,8% em setembro em relação ao ano anterior, recuando por sete meses seguidos, mostraram dados separados na terça-feira (7).
A leitura ficou mais ou menos em linha com a mediana das previsões do mercado, de queda de 2,7%.
O número em setembro é 0,3 ponto percentual maior que os 2,5% registrados no mês anterior.
Em uma base mensal ajustada sazonalmente, os gastos das famílias subiram 0,3%, contra uma queda estimada de 0,4%.
As despesas com alimentação fora de casa, transporte e gastos relacionados a automóveis aumentaram, enquanto os gastos com alimentação, moradia, móveis e bens domésticos diminuíram, em parte, devido ao aumento dos preços, disse uma autoridade do governo durante a divulgação dos dados.
Os dados das despesas dos lares são um indicador chave do consumo privado do Japão, que representa mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Reportagem de Satoshi Sugiyama / Reuters Asia
Traduzido e editado por Maria Rosa / Mundo-Nipo (MN)
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