As exportações do Japão aceleraram em novembro, uma vez que as restrições de oferta diminuíram um pouco para as grandes montadoras do país, embora as importações tenham atingido um recorde em razão dos custos crescentes de materiais, o que pode prejudicar o consumo das famílias.
Os dados comerciais vieram dias depois que a pesquisa trimestral Tankan, do Banco do Japão (BOJ, banco central japonês), mostrou uma melhora no sentimento do setor de serviços, sugerindo que o consumo robusto apoiará a recuperação, embora a nova variante ômicron e os custos crescentes permaneçam como riscos de queda.
As exportações subiram 20,5% em novembro em relação ao ano anterior, mostraram dados do governo nesta quinta-feira (16), marcando o nono mês consecutivo de aumento.
O resultado é ligeiramente abaixo das previsões de mercado, que estimavam um ganho de 21,2%, mas bem acima do aumento de 9,4% no mês anterior.
Os embarques de automóveis – item de exportação número 1 do Japão – aumentaram 4,1% em relação ao ano anterior, marcando o primeiro aumento em três meses, embora as exportações de automóveis para os Estados Unidos e China tenham diminuído em relação ao ano anterior.
“O salto nas exportações em novembro sugere que a maioria das restrições da cadeia de suprimentos no setor automobilístico já havia diminuído no mês passado”, disse Tom Learmouth, economista da Capital Economics.
“As exportações permanecerão fortes nos próximos meses, à medida que as exportações de veículos motorizados se recuperarem ainda mais e a demanda externa por bens de capital continue aumentando”, acrescentou.
Além de carros, os crescentes embarques de aço, equipamentos semicondutores e chips contribuíram mais para o aumento, disse um funcionário do governo durante a divulgação dos dados.
Os embarques para a China, maior parceiro comercial do Japão, aumentaram 16,0% em relação ao ano anterior, mostraram os dados.
Importações batem recorde e Japão tem déficit comercial
As importações aumentaram 43,8% em novembro em relação ao ano anterior, para 8,32 trilhões de ienes (US$ 72,87 bilhões), o maior valor em ienes desde que dados comparáveis se tornaram disponíveis em janeiro de 1979. Além disso, importação de combustíveis como petróleo, GNL e carvão alavancaram uma incrível alta de 144,1%.
O crescimento das importações em novembro acelerou bem acima dos 26,7% registrados em outubro e foi maior do que a previsão de 40,0% de economistas.
Como resultado, a balança comercial do Japão registrou em novembro um déficit de 954,8 bilhões de ienes, o maior déficit desde janeiro de 2020, superando a estimativa média de um déficit de 675,0 bilhões de ienes.
Pesquisa Tankan e política monetária
A última pesquisa Tankan do BOJ, divulgada na última segunda-feira, mostrou aumento dos custos das matérias-primas, obscurecendo as perspectivas corporativas e econômicas. O presidente do BOJ, Haruhiko Kuroda, disse na quarta-feira que a inflação pode se aproximar de sua meta ilusória de 2%.
No entanto, é improvável que o banco central japonês mude sua política monetária em sua próxima revisão de juros na sexta-feira.
Espera-se que a terceira maior economia do mundo registre um forte crescimento no trimestre outubro-dezembro após uma contração no terceiro trimestre, à medida que os gastos das famílias melhoraram com a redução de infecções por Covid-19.
Por Reuters / Tradução e adaptação do Mundo-Nipo (MN).