O governo do Japão anunciou um déficit comercial anual recorde de 19,97 trilhões de ienes (US$ 155,27 bilhões) em 2022, em meio aos preços elevados de energia e matérias-primas, juntamente com a queda vertiginosa do iene, que aumentaram os custos de importação, informou o jornal The Japan Times na quinta-feira (19).
As importações japonesas saltou 39,2%, totalizando o recorde de 118,16 trilhões de ienes, liderado por petróleo bruto, carvão e gás natural liquefeito, enquanto as exportações cresceram 18,2%, para 98,19 trilhões de ienes, também um recorde, devido ao aumento dos embarques de carros e de aço, de acordo com os dados preliminares divulgados pelo Ministério das Finanças do país.
Apesar do resultado anual, o déficit comercial em dezembro diminuiu mais do que o esperado, em um sinal de que o impacto do iene fraco e os altos custos de energia começaram a diminuir.
O déficit anual de 12,82 trilhões de ienes relatado em 2014 era anteriormente o maior do país desde que os dados comparáveis tornaram-se disponíveis em 1979.
O recorde negativo ressalta a vulnerabilidade do Japão com poucos recursos, que depende de importações para atender às necessidades domésticas.
A desvalorização do iene, que atingiu seu nível mais baixo em mais de três décadas em relação ao dólar, potencializou o saldo comercial negativo , reduzindo a riqueza nacional.
A cotação do dólar registrou média de ¥130,77 em 2022, o que representa 19,5% acima do ano anterior. Contudo, a moeda japonesa deu sinais de melhora no início de 2023, sugerindo que pode fortalecer em 2023.
Um iene fraco é uma via de dois sentidos, uma vez que ele inflaciona o valor das importações, mas também aumenta as receitas dos exportadores japoneses no exterior.
Alarmados com a rápida queda do iene em relação ao dólar, reflexo das políticas monetárias divergentes do Banco do Japão e do Federal Reserve dos Estados Unidos, as autoridades japonesas intervieram no mercado de câmbio para conter a desvalorização.
Os preços mais altos de energia e de matérias-primas em 2022 foram parcialmente atribuídos à guerra da Rússia na Ucrânia, que aumentou as preocupações com o abastecimento.
Balança comercial japonesa por regiões
O Japão viu seu superávit comercial com os Estados Unidos crescer pelo segundo ano consecutivo, para 6,54 trilhões de ienes, ajudado por fortes exportações de carros e de máquinas.
Os embarques com destino aos EUA aumentaram 23,1%, para 18,26 trilhões de ienes, enquanto as importações subiram 31,5%, para 11,72 trilhões de ienes.
O comércio com a China foi aparentemente afetado por sua estrita política de “Covid-zero”, levando o déficit comercial do Japão a mais do que dobrar, totalizando 5,83 trilhões de ienes.
As importações oriundas da China cresceram 21,8%, para 24,83 trilhões de ienes, impulsionadas pela demanda por roupas, smartphones e componentes eletrônicos. Enquanto isso, as exportações aumentaram apenas 5,7%, totalizando 19,01 trilhões de ienes.
O superávit comercial do Japão com o resto da Ásia, incluindo a China, caiu para 2,08 trilhões de ienes, cerca de um terço do registrado em 2021.
A terceira maior economia do mundo registrou déficit comercial de 2,02 trilhões de ienes com a União Europeia, permanecendo no vermelho pelo 11º ano seguido.
Balança comercial mensal
Em dezembro, o déficit comercial encolheu para 1,45 trilhão de ienes, caindo abaixo de 2 trilhões de ienes pela primeira vez em cinco meses.
As importações subiram 20,6% em relação ao ano anterior, desacelerando seu ritmo de ganhos, enquanto as exportações aumentaram 11,5%.
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