Déficit comercial do Japão registra recorde de 1 trilhão de ienes em julho

O déficit comercial do Japão praticamente dobrou em um ano.

Do Mundo-Nipo

O  déficit comercial do Japão registrou um recorde de 1,024 trilhão de ienes (10,5 bilhões de dólares) no mês de julho, refletindo a depreciação do iene e a crescente demanda por energia no verão – que elevou os custos de importação de combustíveis fósseis, superando um aumento das exportações -, divulgou o governo japonês nesta segunda-feira (19).

O valor do déficit registrado em julho praticamente dobrou em um ano, em comparação com o registrado no mesmo período de 2012, que foi de 528,5 bilhões de ienes.

O vermelho da balança comercial japonesa foi o terceiro maior para qualquer mês, marcando o 13º déficit mensal consecutivo pela primeira vez desde 1979, quando o país foi atingido pelo segundo choque do petróleo, de acordo com o Ministério das Finanças.

O valor das importações subiu 19,6% no ano para 6,986.0 bilhões de ienes em julho, pelo nono mês consecutivo.

A importações de petróleo bruto subiram 30,2% e de gás natural liquefeito 16,9%.

No mercado norte-americano, o valor das exportações aumentou 18,4% na comparação com o ano passado e 16,6% no caso da Eurozona.

As exportações para a China cresceram 9,5% após a disputa territorial entre Tóquio e Pequim, que retornou ano passado e afetou os laços comerciais dos dois gigantes asiáticos.

O iene se desvalorizou cerca de 20% em relação ao dólar desde o ano passado, contribuindo para melhorar a competitividade dos produtos japoneses no exterior e as receitas obtidas em divisas.

Contudo, o setor de energia do Japão também aumentou desde o fechamento dos reatores nucleares do país após a crise de Fukushima em março de 2011 e obrigou o país a utilizar combustíveis fósseis e comprá-los no exterior.

As altas temperaturas registradas neste verão aumentaram a demanda, disseram os analistas.

Na semana passada, as autoridades anunciaram que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) correspondente ao segundo trimestre da terceira maior economia mundial se situou em 0,6%, inferior ao esperado.

Esses dados mostram um panorama contraditório porque se por um lado, o consumo das famílias japonesas continua sendo robusto, por outro, a confiança das empresas não está em seu melhor momento, como demonstra a reticência a investir e a contratar pessoal.

O ritmo de crescimento na comparação anual do PIB também caiu passando de 3,8% no primeiro trimestre a 2,6% no segundo.

Os analistas temem que diante desses resultados, o governo do conservador Shinzo Abe deixe de lado seu projeto de aumentar o IVA, o imposto ao consumo, até 10% para 2015, necessário para realizar seus planos de reduzir o déficit fiscal após a descontrolada dívida do país se elevar a 245% do PIB.

As informações são da agência Kyodo e do jornal Nikkei.

 

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