Do Mundo-Nipo
O déficit comercial do Japão em julho atingiu o seu maior nível em cinco meses, registrando um saldo negativo na balança comercial superior a US$ 2 bilhões, o que amplia às preocupações sobre a recuperação econômica do país em meio ao enfraquecimento da demanda na China por produtos químicos, máquinas e eletrônicos, mostraram dados do governo nesta quarta-feira (19).
Dados preliminares publicados pelo Ministério das Finanças mostram que o déficit comercial em julho ficou em 268,1 bilhões de ienes, aproximadamente US$ 2,2 bilhões. A cifra, no entanto, é inferior aos US$ 7,8 bilhões registrados em julho de 2014 e menor que os 70,8 bilhões de ienes, cerca de US$ 566 milhões, alcançados em junho.
Em termos de iene, as exportações japonesas em julho cresceram 7,6% e ultrapassaram US$ 53 bilhões em meio aos fortes embarques de automóveis para os Estados Unidos e de semicondutores para Taiwan. Já as importações recuaram apenas 3,2%, somando cerca de US$ 56 bilhões, de acordo com os dados do ministério, indicando que a queda foi influenciada pela redução nos preços do petróleo e do gás natural. Trata-se do quarto mês consecutivo que a balança comercial japonesa registra saldo negativo.
“O déficit comercial aumentou em julho e deve continuar a subir nos próximos meses, conforme o iene mais fraco empurra para cima os custos de importação”, disse Marcel Thieliant, do Capital Economics, em nota emitida à imprensa.
Os custos mais baixos para as importações de petróleo e gás ocorrem graças à queda nos preços do petróleo, que reduziram o déficit comercial do Japão nos últimos meses. O déficit em julho foi, portanto, 72% menor do que no mesmo mês do ano anterior.
“A recente desvalorização da moeda chinesa (o iuan), um movimento forçado pelo Banco Central chinês em vista de tornar os preços de seus produtos mais competitivos nos mercados internacionais, tem causado desconforto sobre as perspectivas do comércio”, destaca Thieliant.
A Japan External Trade Organization, ou JETRO, emitiu na terça-feira (18) um relatório sobre o comércio internacional do Japão, no qual mostra um declínio nas exportações para a China no primeiro semestre do ano – a China é o maior parceiro comercial do Japão.
Medido em termos de dólar, o relatório da JETRO aponta que a demanda chinesa por importações de dispositivos eletrônicos, que é um dos pilares da manufatura japonesa, ficou estável no período de janeiro a junho, enquanto os embarques de máquinas e de produtos químicos registraram declínio de 12,3% e de quase 11%, respectivamente, no mesmo período.
“Exportadores asiáticos estão vendo um enfraquecimento das exportações, acentuadas pela desaceleração da demanda chinesa”, observou o Mizuho Bank em nota à imprensa emitida nesta quarta-feira.
Em julho, as exportações do Japão para a China cresceram 4,2% ante o ano anterior, enquanto os embarques para os EUA saltaram 18,8%, ajudado por um salto de 41% das exportações de veículos e autopeças.
A economia do Japão contraiu 1,6% no período entre abril e junho, após uma expansão de 4,5% nos primeiros três meses do ano, minada, principalmente, pela queda de 0,8% ante o trimestre anterior no consumo das famílias, que responde por mais da metade da produção econômica do país, ou seja, quase 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão. As exportações, no entanto, também foram um entrave ao crescimento econômico do país, caindo 16,5% em termos anualizados.
O Japão, uma tradicional potência exportadora, vem obtendo saldos comerciais negativos desde junho de 2012, principalmente pelo impacto das compras de petróleo para compensar o blecaute nuclear motivado pelo acidente atômico de Fukushima em março de 2011.
Fontes: NHK News | Agência Kyodo | Jornal Nikkei
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