Japão eleva fortemente a previsão de inflação para o ano fiscal de 2023

Enquanto a previsão da inflação dispara, a estimativa de crescimento da economia é rebaixado, com o governo japonês revisando o aumento do PIB de 1,5% para apenas 1,3% em 2023.
Supermercado em Tóquio | ©Kyodo
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A inflação ao consumidor no Japão vai acelerar bem mais rápido do que o estimado inicialmente para o ano fiscal de 2023, com o governo elevando a previsão para 2,6% no ano fiscal que encerra em março próximo, informou o Escritório do Gabinete nesta quinta-feira (20), sinalizando que o número é bem acima da meta do Banco do Japão (BOJ, o banco central japonês), informou a Kyodo News.

O governo estimou que os preços ao consumidor, que incluem energia e os preços voláteis de alimentos frescos, aumentariam 1,7% no ano fiscal de 2023. Para o ano fiscal de 2024, estima-se que os preços subam 1,9%.

Enquanto isso, as perspectivas econômicas para o ano fiscal de 2023 foram rebaixadas pelo governo em meio à desaceleração do crescimento das exportações. O Produto Interno Bruto (PIB) real do Japão está agora previsto para crescer 1,3%, em vez dos 1,5% projetados em janeiro.

As previsões revisadas foram apresentadas em uma reunião do Conselho de Política Econômica e Fiscal nesta quinta-feira, enquanto seus membros debatiam uma estrutura orçamentária para o próximo ano fiscal.

Os aumentos agressivos das taxas de juros pelos principais bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa ameaçam conter a demanda por produtos japoneses.

Um número crescente de empresas japonesas tem repassado os custos de importação mais altos aos consumidores domésticos e aumentado os salários para ajudar a lidar com o aumento dos preços dos bens de uso diário. O consumo privado e as despesas de capital, componentes essenciais da procura interna, têm-se mostrado relativamente resilientes.

O aumento esperado nos preços ao consumidor, inclusive para alimentos perecíveis, segue o salto de 3,2% observado no ano fiscal de 2022, o maior aumento desde o ano fiscal de 1990.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, que segue uma agenda econômica de redistribuição de riqueza e maior crescimento, disse que a economia tem visto desenvolvimentos positivos, como aumentos salariais e um maior apetite por investimentos entre os atores do setor corporativo.

“Precisamos prestar a devida atenção ao impacto (da inflação) na renda real das famílias. Levando em conta o ponto de vista das pessoas comuns, o governo examinará cuidadosamente as condições econômicas e de preços”, disse Kishida na reunião do painel do governo em seu gabinete em Tóquio.

Uma inflação consolidada sem um crescimento robusto dos salários seria um golpe significativo para as famílias, e os salários reais vêm caindo há meses no Japão.

Ainda assim, as empresas japonesas concordaram com um aumento salarial médio de 3,58% nas negociações anuais com os sindicatos trabalhistas, o melhor resultado em três décadas.

O BOJ, por sua vez, não mudou sua posição de manter taxas ultrabaixas de juros apesar da aceleração da inflação, uma vez que a autoridade monetária busca garantir que os aumentos salariais continuem para que possa atingir sua meta de inflação de 2% de forma estável.

O banco central deve atualizar suas perspectivas econômicas e de preços quando realizar uma reunião de política monetária de dois dias na próxima semana. Prevê-se que o índice básico de preços ao consumidor, que exclui itens voláteis de alimentos frescos, suba 1,8% no ano fiscal de 2023 e 2,0% no ano seguinte.

A previsão do BOJ para o ano fiscal de 2023 em abril é mais conservadora do que o aumento médio de 2,6% esperado por economistas do setor privado, que foram entrevistados pelo Centro de Pesquisa Econômica do Japão.

Entretanto, eles esperam que o Núcleo de Preços ao Consumidor (CPI) suba 1,67% no ano fiscal de 2024, mais devagar do que o esperado pelo banco central.

O Japão, com escassez de recursos, tem lutado com custos mais altos de energia e matérias-primas, ampliados por uma queda acentuada do iene.

O governo tem reduzido as contas de serviços públicos para as famílias, diminuindo os preços da energia elétrica, gasolina e querosene, uma medida que provavelmente reduzirá o IPC em cerca de 0,5 ponto percentual no ano fiscal de 2023, segundo o governo.

Membros do setor privado que compõem o painel do governo propuseram que tais subsídios fossem gradualmente eliminados ou descartados. Eles também disseram que deveria haver mais foco no apoio às famílias de baixa renda mais atingidas pelo aumento dos preços, à medida que o governo muda dos gastos da era Covid, em modo de crise, para um regime de política orçamentária mais “usual”.

== Kyodo / Mundo-Nipo (MN)
Traduzido e adaptado por Maria Rosa

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