Os principais índices que medem os preços ao consumidor do Japão subiram em setembro pela primeira vez desde os estágios iniciais da pandemia de Covid-19 em março de 2020, sinalizando que os custos crescentes de energia e matérias-primas estão gradualmente aumentando a inflação no país.
Segundo a Reuters, os analistas esperam que o aumento dos custos do combustível acelere a inflação ao consumidor nos próximos meses, embora qualquer aumento seja modesto em comparação com outras economias avançadas, já que o crescimento lento dos salários pesa sobre o consumo e impede as empresas de aumentar muito os preços.
“Olhando através de distorções artificiais e acertos pontuais, esperamos que a inflação subjacente alcance um pico tímido de crescimento de 1,0% no início do próximo ano antes de cair”, disse Tom Learmouth, economista da Capital Economics.
O núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que inclui os custos de derivados de petróleo, mas exclui os preços voláteis dos alimentos frescos, subiu 0,1% em setembro na comparação com o ano anterior, segundo dados do governo divulgados na sexta-feira, correspondendo a uma previsão mediana do mercado e permanecendo inalterado em relação a agosto.
O ganho foi impulsionado principalmente por um aumento de 7,4% nos custos de energia, que foi o maior aumento anual em quase três anos. Os custos da gasolina aumentaram 16,5% em setembro em relação ao ano anterior.
Alimentos processados e bens duráveis também registraram aumento nos preços, embora a alta tenha sido mais do que compensada por uma queda de 44,8% nas tarifas de telecomunicações, uma vez que as operadoras de celular reduziram as tarifas.
Os analistas esperam que o núcleo da inflação ao consumidor chegue a 1% nos próximos meses, uma vez que os recentes aumentos nos custos do petróleo bruto estão aumentando as contas de eletricidade com uma defasagem de três a cinco meses.
Muitos deles, no entanto, duvidam que a inflação de custos ao consumidor levará a um crescimento de preços mais amplo e sustentável.
“A reabertura da economia do Japão pode elevar os gastos com serviços e promover aumentos de preços”, disse Takeshi Minami, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Norinchukin.
“Mas as famílias japonesas tendem a mudar para produtos mais baratos enquanto a alta dos preços persistir, o que por sua vez pode induzir uma batalha de corte de preços entre as empresas”, disse ele.
Os dados estarão entre os fatores que o Banco do Japão (BOJ, o banco central japonês) irá considerar na reunião de política monetária da próxima semana, quando divulgar novas projeções trimestrais de crescimento e inflação.
O Japão não ficou imune à inflação global de commodities, uma vez que os preços no atacado registraram alta de 6,3% em setembro, a maior em 13 anos, pressionando as margens de lucro das empresas e aumentando o risco de aumentos indesejados nos preços ao consumidor.
Contudo, a inflação ao consumidor ficou parada em torno de zero, já que as empresas continuam relutantes em repassar os custos às famílias, reforçando as expectativas de que a meta de 2% do BOJ permanecerá indefinida.
== Mundo-Nipo (MN)
Fontes: Reuters | Nikkei Asia.
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