O déficit comercial do Japão caiu mais da metade em 2023, para 9,29 trilhões de ienes (US$ 63 bilhões) em relação ao ano anterior, à medida que embarques robustos de automóveis para os Estados Unidos elevaram as exportações a um nível recorde, enquanto as importações de energia caíram, mostraram dados do governo do país na quarta-feira (24).
De acordo com a Kyodo News, os dados do Ministério das Finanças mostraram que os Estados Unidos ultrapassaram a China, pela primeira vez em quatro anos, como o destinatário do maior número de exportações japonesas em valor.
As exportações para os Estados Unidos atingiram 20,27 biliões de ienes, um aumento de 11,0%, enquanto os embarques para a China totalizaram 17,76 biliões de ienes, uma queda de 6,5%, segundo o ministério.
O forte crescimento das exportações ajudou o Japão, com escassos recursos, atingido pelo aumento dos custos de importação e por um iene mais fraco que os inflacionou ainda mais, a reduzir o seu déficit comercial.
Porém, mesmo com as exportações recordes registradas no ano passado, a balança comercial japonesa fechou 2023 no vermelho, marcando o terceiro ano consecutivo de saldo negativo.
Por sua vez, as exportações globais aumentaram 2,8%, para 100,89 biliões de ienes, ultrapassando pela primeira vez a marca dos 100 biliões de ienes. Foi o nível mais elevado desde que dados comparáveis foram disponibilizados em 1979. As importações caíram 7,0%, para 110,18 biliões de ienes.
Só em dezembro, as exportações atingiram o nível mais elevado de sempre, sublinhando a força da procura nos Estados Unidos, apesar das preocupações sobre um abrandamento econômico ligado ao seu ciclo de aperto monetário.
No mês, a balança comercial do Japão atingiu um superávit de 62,1 bilhões de ienes no mês do relatório em relação ao ano anterior.
“O crescimento das exportações de automóveis foi o principal impulsionador, mas os embarques em geral ainda foram sólidos”, disse Yuichi Kodama, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Meiji Yasuda.
AInda de acordo com Kodama, “a sustentabilidade do crescimento das exportações foi questionada porque a China parece prestes a assistir a uma nova desaceleração econômica e a procura provavelmente enfraquecerá nos Estados Unidos e na Europa”.
Os economistas dizem que a persistente fraqueza do iene frente ao dólar americano também manterá os custos de importação elevados, com o foco na forma como os preços do petróleo bruto e de outras matérias-primas se moverão num contexto de riscos geopolíticos aumentados no Médio Oriente.
O valor do iene ante o dólar diminuiu 7,2% no ano passado, refletindo as diferentes posições políticas do Banco do Japão (BOJ, o banco central japonês) e do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que aumentaram agressivamente as taxas de juro para conter a procura e acalmar a inflação.
O Japão viu o seu excedente comercial com os Estados Unidos aumentar 34,3%, para 8,72 biliões de ienes, depois das exportações terem aumentado 11,0%, para um recorde de 20,27 bilhões de ienes.
Isso ocorreu depois que o superávit do Japão com a maior economia do mundo atingiu 1,07 trilhão de ienes no mês passado, o maior para o mês de dezembro, ajudado pelas fortes exportações de automóveis.
Com outro grande parceiro comercial, a China, o Japão registou um déficit de 6,65 biliões de ienes em 2023, o que representa um aumento de 13,8%.
O excedente comercial do Japão com a Ásia como um todo, que inclui a China, encolheu 74,6%, para 508,68 mil milhões de ienes.
O Japão ficou no vermelho pelo 12º ano consecutivo com a União Europeia, embora o déficit tenha caído 55,9%, para 919,46 mil milhões de ienes, ajudado pelas fortes exportações de automóveis, motocicletas e maquinários.
== Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Kyodo News Japan.
