Preços ao consumidor no Japão têm primeira queda em mais de 2 anos

O resultado do importante indicador ameaça fortemente os planos do BC do Japão em conseguir uma inflação duradoura, próxima a 2% até 2016.

Do Mundo-Nipo

O principal indicador da inflação ao consumidor no Japão recuou pela primeira vez desde que o Banco Central japonês implementou seu massivo programa de estímulo, registrando assim a primeira deflação em mais de 2 anos, conforme mostraram dados divulgados pelo governo japonês nesta sexta-feira (25), o que sinaliza um revés para o primeiro-ministro Shinzo Abe em sua meta de alcançar uma inflação estável de 2% em 2016.

O núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) no Japão, que exclui os preços voláteis dos alimentos frescos, recuou 0,1% em agosto ante o mesmo mês do ano passado. A leitura do índice situou-se em 103,4 contra a base de 100 estabelecida em 2010, de acordo com os números preliminares do Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações do país.

No mês passado, os preços tinham ficado estáveis (inflação zero) em relação à julho do ano anterior, o que representou a primeira estagnação do indicador após 25 meses consecutivos de avanço.

Já o chamado núcleo genuíno do CPI, que exclui os preços de energia, além de alimentos, subiu 0,8% em agosto, mais do que o avanço de 0,6% registrado em julho.

Quanto ao núcleo do CPI para a área metropolitana de Tóquio, que é um dos principais indicadores de preços em todo o país, ficou em 101,9 pontos, o que representa uma deflação de 0,2%, marcando ainda o terceiro declínio mensal consecutivo.

A medição em Tóquio se refere a setembro, portanto, um mês à frente do indicador do país. Isso significa que o medidor da capital pode servir como uma prévia para o que virá no próximo resultado do país inteiro.

Economistas veem o resultado como uma grande ameaça aos planos do banco central japonês, que ativou em abril de 2013 um programa de estímulo monetário em massa para acabar com uma década e meia de deflação e conseguir uma inflação anualizada próxima a 2%.

No entanto, a aguda queda dos preços do petróleo obrigou o BoJ a diminuir suas previsões em um décimo e atrasar os prazos de seu programa, razão pela qual em julho anunciou que espera uma alta do IPC de 1,9% em algum momento do próximo ano fiscal, que no Japão começa em 1º de abril de 2016.

*A tabela com os dados completos pode ser conferida no site do Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações.

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