Brasil entra em recessão técnica após PIB recuar 2 trimestres seguidos

A economia brasileira sofreu retração de 1,9% no segundo trimestre, maior queda desde o primeiro trimestre de 2009.

Do Mundo-Nipo

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuou 1,9% no segundo trimestre de 2015 antes o trimestre anterior, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sinalizando que o país entrou na chamada “recessão técnica”, que ocorre quando a economia registra dois trimestres seguidos de queda.

A queda no trimestre encerrado em junho vem após dados revisados mostrarem que o PIB sofreu retração de 0,7% do trimestre de janeiro a março de 2015.

O número representa a maior queda desde o primeiro trimestre de 2009, quando a economia também registrou recuo de 1,9%

Na comparação com o mesmo período em 2014, a retração foi ainda mais profunda, de 2,6%, a maior desde o primeiro trimestre de 2009, quando o recuo também foi de 2,6%. Em valores correntes, o PIB no segundo trimestre do ano alcançou R$ 1,43 trilhão.

Os dados do IBGE apontam a queda dos investimentos (-8,1%) e do consumo das famílias (-2,1%) como principais contribuintes para o desempenho negativo da economia. Em contrapartida, o consumo do governo registrou alta de 0,7%.

Na análise dos setores, todos registraram queda, puxada pela indústria, que teve retração de 4,3%, pela agropecuária, de 2,7%, e pelos serviços, de 0,7%.

O resultado do PIB foi pior que o esperado pelo mercado, indicando que a retração da economia em 2015 poderá ser maior do que a queda de 2,06% projetada pelos economistas e analistas, segundo a última pesquisa do Banco Central.

Recessão técnica
Economistas, consultados pelo portal de notícias G1, explicaram a classificação “recessão técnica”, na prática, serve como uma espécie de “termômetro” para medir o desempenho da economia. Isso porque não são apenas dois resultados negativos seguidos que indicam a recessão, mas sim um conjunto de indicadores negativos, como aumento do desemprego, queda na produção e falência de empresas.

O Brasil também havia registrado uma recessão técnica no último trimestre de 2008 e no primeiro de 2009, durante a crise econômica mundial.

Dois anos seguidos de recessão
A expectativa dos economistas dos bancos é que a queda do PIB neste ano seja seguida por uma retração em 2016, de 0,24%.

Se confirmada a previsão, será a primeira vez que o país registrará dois anos seguidos de contração na economia, pela série do IBGE iniciada em 1948.  Todas as seis vezes em que o país fechou o ano com PIB negativo foram sucedidas por uma rápida recuperação nos anos seguintes.

O cenário atual é bem diferente, segundo o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) Paulo Picchetti. “A recessão começou sem ser possível enxergar os mecanismos que vão levá-la ao fim. Não há instrumentos de política econômica capazes de reverter esse quadro num futuro razoavelmente rápido.”

Como um país consegue sair de uma recessão
O fim de uma recessão só é constatado quando existe um movimento consistente de retomada em todos os indicadores econômicos, segundo o economista Paulo Picchetti. Dados como taxa de desemprego, vendas no comércio, produção industrial e outros precisam mostrar de forma clara e conjunta que estão em recuperação.

Fontes: G1 | Agência Reuters.

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