Especialistas em vulcões estão pedindo uma revisão das novas normas de segurança estabelecidas pela Autoridade Reguladora Nuclear (NRA, na sigla em inglês) à usinas nucleares no Japão após o desastre no complexo Fukushima Daiichi em março de 2011. Isso porque os vulcanôlogos japoneses afirmam que é necessário levar em consideração a limitada capacidade de previsão para erupções vulcânicas.
A Autoridade Reguladora Nuclear foi criada em 2012 e estabeleceu novas diretrizes de segurança em julho do ano passado. Ela agora tem várias equipes examinando 20 reatores em 10 centrais nucleares, de uma lista de usinas que estão tentando reiniciar suas atividades.
Seguindo o regulamento, a NRA aprovou em setembro medidas de segurança para a usina nuclear localizada na cidade de Satsumasendai, na província de Kagoshima, sudoeste do Japão. A chamada usina de Sendai é operada pela Companhia de Energia Elétrica de Kyushu.
A equipe de analistas estabelecidos pela reguladora nuclear considerou, por unanimidade, que os dois reatores da usina de Sendai atendem todas as novas regulações em matéria de segurança. “A usina de Sendai foi a primeira a apresentar as medidas adicionais adotadas para reduzir o impacto de terremotos e tsunamis sobre os reatores”, destacou a NRA em setembro passado, conforme noticiou a Agência Kyodo na época.
Quanto à segurança em relação à atividades vulcânicas, a operadora de Sendai afirmou que removerá o combustível nuclear da usina caso haja sinais de uma erupção vulcânica iminente. Contudo, uma comissão organizada pela Sociedade de Vulcanologia do Japão está propondo uma revisão da política da reguladora nuclear.
Segundo Kazuhiro Ishihara, professor da Universidade de Kyoto e que preside a comissão, a agência reguladora precisa esclarecer ao público as limitações da previsão de erupções vulcânicas. Shihara pediu por uma discussão mais ampla entre pesquisadores e o governo sobre medidas de segurança voltadas a atividades vulcânicas que, segundo ele, “são tão potencialmente ameaçadoras a uma usina nuclear quanto um terremoto em grande escala”.
De acordo com um estudo dos especialistas em Yoshiyuki Tatsumi e Keiko Suzuki, cuja versão completa será publicada em meados de novembro, cerca de 120 milhões de pessoas, quase toda a população japonesa, poderá morrer se ocorrer uma grande erupção vulcânica, como a que aconteceu há milhares de anos no arquipélago. O estudo alerta ainda que o risco de ocorrência deste cenário catastrófico é de 1% durante o próximo século.
“O Japão concentra 7% dos vulcões ativos do mundo e geralmente enfrenta catástrofes, como a recente erupção do Monte Ontake (que deixou quase 60 mortos no centro do país). “Os olhares se concentram agora no Monte Fuji, onde existe o risco de uma erupção“, diz um trecho do estudo.
Os especialistas baseiam seus trabalhos no estudo dos ciclos e do impacto das maiores erupções do Japão, em especial a partir do caso da Caldeira Aira, uma vasta caldeira vulcânica criada há 28.000 anos na região de Kagoshima (ilha de Kyushu, sudoeste) pelo afundamento do cume de um vulcão depois de uma terrível erupção.
Se ocorrer um fenômeno similar na região, sete milhões de pessoas poderão morrer em apenas duas horas em consequência das lavas e das rochas.
As cinzas se expandirão por todo o país, exceto a ilha de Hokkaido (nordeste), e ameaçarão infraestruturas, incluindo as potencialmente ameaçadores usinas nucleares, ao mesmo tempo em que colocará em perigo a vida de 120 milhões de habitantes.
O Japão, situado no Cinturão do Fogo e onde confluem quatro placas tectônicas, conta com 110 vulcões ativos.
Do Mundo-Nipo
Fontes: NHK News | Kyodo News.
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