Do Mundo-Nipo
O Japão anunciou nesta segunda feira (10) que retomará seu programa de energia nuclear, apesar da considerável objeção no país pelo uso desse tipo de energia após o desastre nuclear na usina de Fukushima em março de 2011.
Ironicamente, o anúncio ocorre um dia após o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, prometer que o país vai liderar os esforços para conseguir um mundo livre de armas nucleares. A promessa foi feita em discurso realizado ontem (9), durante a cerimônia que marcou o 70ª aniversário da bomba atômica lançada pelos EUA em Nagasaki. “Garantiremos que a segurança vem em primeiro lugar”, disse Abe a repórteres momentos antes do início da cerimônia.
Mais de quatro anos após a tragédia em Fukushima, Japão volta a confiar na energia nuclear. O país reativará na terça-feira (11) o reator 1 da usina de Sendai, operada pela Companhia de Energia Elétrica de Kyushu. O reator em Sendai é apenas um dos 48 existentes no país que foram desativados após o acidente nuclear em 2011, com exceção de dois reatores utilizados temporariamente para atender às necessidades de energia do país.
O país insular tem poucos recursos naturais. A energia atômica chegou a suprir um quarto das necessidades energéticas do Japão antes do acidente nuclear, considerado o pior desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
Para Shinzo Abe, a central nuclear de Sendai, localizada na província de Kagoshima, em Kyushu (sul do Japão), será a primeira de muitas que terão seus reatores reativados. Até o final do atual ano fiscal, que encerra em março de 2016, o primeiro-ministro japonês espera que a energia nuclear represente 24% da produção energética do Japão, conforme noticiou hoje o jornal “Expresso”.
A decisão do governo japonês não caiu bem junto aos eleitores, especialmente aqueles que perderam tudo no desastre em Fukushima. A opinião pública ainda não está convencida da segurança da energia atômica. Pesquisas recentes indicam que a maioria dos cidadãos japoneses se opõe ao religamento. Algumas pessoas inclusive entraram com ações na justiça para tentar bloquear o reinício das atividades nucleares. O anúncio desta segunda-feira foi recebido com 400 manifestantes na planta de Sendai.
Citada pelo “El País”, Kazawa Makoto, uma das pessoas afetadas pela tragédia em Fukushima, explicou o seu desdém: “É como uma pessoa que se queima e, mesmo assim, volta a meter a mão no fogo. Este primeiro-ministro não quer saber das gerações futuras, apenas do benefício em curto prazo,” declarou.
A Autoridade Reguladora Nuclear (NRA, na sigla em inglês) do Japão, no entanto, assegura que um acidente como o de Fukushima não voltará a acontecer e que todas as precauções foram tomadas para evitar um novo desastre. “Um acidente como o de Fukushima não irá se repetir” disse o diretor da NRA, Shunichi Tanaka, ao jornal “Nikkei”.
O organismo governamental foi formado em 2012 com o fim de estabelecer protocolos de segurança mais rigorosos, como instalações de geradores capazes de manter os reatores operando mesmo em caso de desastres naturais, como terremoto, tsunami e erupções vulcânicas.
Independente dos protestos, o governo considera que a energia nuclear ainda é imprescindível ao país. Isso porque o Japão precisa importar 90% de seu petróleo, bem como todo o carvão e gás natural usados no país, e desde que desligou os reatores nucleares sofreu um forte déficit na sua balança comercial.
O primeiro reator da central de Sendai vai gerar 890 megawatts de energia, enquanto o segundo retomará as operações em meados de outubro. Dos 48 reatores existentes no Japão, 25 deles, estabelecidos em 15 centrais, solicitaram reativação, enquanto outras cinco centrais declararam-se obsoletas. Destes 25 reatores, cinco já receberam a aprovação da NRA, de acordo com o “Expresso”.
Fontes: Jornal Expresso | Jornal El País | Jornal Nikkei.
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