Pequim adota medidas de emergência no terceiro dia de poluição extrema

A poluição ultrapassa os 300 microgramas de partículas menores de 2,5 micras (PM2,5) por metro cúbico.

Da agência EFE

Poluição de fábricas em Ganjiaxiang (Foto: Wikimedia Commons)
Poluição de fábricas em Ganjiaxiang (Foto: Wikimedia Commons)

Pequim, 14 jan (EFE).- Pequim adotou medidas de emergência nesta segunda-feira, como a redução das emissões das fábricas e a circulação de veículos oficiais, no terceiro dia de extrema poluição na capital chinesa, que multiplicou os casos de problemas cardíacos e respiratórios nos hospitais.

A poluição ultrapassa os 300 microgramas de partículas menores de 2,5 micras (PM2,5) por metro cúbico, muito acima dos níveis de 25 microgramas por metro cúbico que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera aceitável.

No sábado, o pior dia de poluição, os níveis chegaram a 993 microgramas.

A OMS adverte que a exposição prolongada a uma concentração excessiva destas partículas aumenta o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares. As partículas PM2,5 têm um tamanho tão reduzido que podem se alojar nos pulmões ou mesmo na corrente sanguínea.

Perante o perigoso grau de poluição, o pior que muitos veteranos residentes da cidade lembram ter vivido, as autoridades municipais iniciaram um plano de emergência, que inclui o cancelamento das obras de construção em mais de 20 locais.

Segundo o Escritório de Proteção Meio Ambiental da capital chinesa, 54 empresas reduziram em 30% suas emissões de carbono e foi proibido que as escolas desenvolvam práticas esportivas ao ar livre.

Os veículos oficiais deixaram de circular pelas ruas, enquanto foi lançada uma chamada aos residentes para que utilizem o transporte público e deixem seus carros em casa para combater a espessa nuvem de poluição.

A poluição extrema afetou também a saúde dos residentes e vários hospitais, como o de Chaoyang, revelaram que nos últimos dias trataram muito mais pacientes com doenças respiratórias e cardíacas do que o habitual.

O Hospital Infantil de Pequim já tinha indicado que ao longo da semana pssada, quando começaram a subir os níveis de poluição, recebia 7 mil pacientes por dia com doenças respiratórias por conta da má qualidade do ar.

Entre os poucos beneficiados pela situação se encontram as empresas fabricantes de máscaras respiratórias, cujas vendas se multiplicaram em dez vezes desde sexta, segundo os sites “taobao.com” e “tmall.com”, dois dos locais de vendas pela internet mais populares da China.

A preocupação pela má qualidade do ar se transformou no tema mais recorrente na China, como no Weibo (o Twitter chinês), onde foram registrados ao reder de 7,68 milhões de comentários de internautas que exigem um maior controle da poluição do ar e colocam o crescimento econômico do país e qualidade de vida atual como os principais focos desta poluição.

Inclusive os meios de imprensa oficiais chineses criticam a má qualidade do ar. “A poluição nos alerta: Se seguirmos por este caminho de desenvolvimento ao invés de ajustá-lo, o prejuízo a longo prazo será sério”, afirma o editoral do jornal “Global Times”.

O Serviço Nacional do Clima informou que junto a Pequim, a cidade de Tianjin e as províncias de Hebei, Henan e Shandong continuam nesta segunda-feira com uma visibilidade inferior aos mil metros.

A falta de visibilidade obrigou o cancelamento hoje, em Pequim, de 20 voos, que se soma aos 30 suspensos no domingo.

Não se espera que a situação seja resolvida até na quarta-feira, quando estão previstos ventos que arrastem as partículas poluentes.

A segunda economia mundial descuidou do meio ambiente durante décadas em prol de um rápido desenvolvimento industrial, o que produziu uma grave degradação de sua atmosfera, seus rios e lagos.

Segundo o Greenpeace, só em 2012 os altos níveis de poluição do ar causaram cerca de 8.500 mortes prematuras em Pequim, Xangai, Cantão e Xian. EFE

 

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