Atualizado em 26/01/2013 às 08:13
Da agência EFE
Paula Regueira Leal.
Jacarta, 26 jan (EFE).- As graves inundações registradas em Jacarta na semana passada reviveram a ideia de transferir a capital administrativa da Indonésia a outro local menos exposto às ameaças da natureza e à adversa climatologia.
A postura que defende a mudança de localização da capital tem mais seguidores depois que 26 pessoas morreram e outras 33 mil perderam suas casas para as águas, que causaram danos materiais qualificados de numerosos.
O aspecto de Jacarta ficou refletido na imagem do Palácio Presidencial: totalmente alagado, com os ajudantes do chefe de Estado e os bedéis tentando andar dentro do recinto com as calças levantadas acima do joelho.
As inundações obrigaram empresas a suspender sua atividade durante vários dias e a maioria das escolas aconselhou seus alunos a ficar em casa perante o caos que se apoderou do transporte público, já bastante sucateado.
Jacarta carece de serviço subterrâneo de transporte e o aeroporto internacional de Sukarno-Hatta também está defasado.
Perante a crescente pressão, as autoridades apresentaram três possíveis soluções: erguer uma nova capital, manter Jacarta onde está e construir uma capital administrativa em um local apropriado ou modernizar a atual dentro de suas possibilidades.
Entre as cidades do país surgem seis possíveis candidatas, embora as favoritas sejam Ponggol, no oeste da ilha Java e cuja proximidade de Jacarta facilitaria a mudança; Palangkaraya, na ilha de Bornéu, e Macasar, capital da província de Celebes do Sul, escolha que proporcionaria um equilíbrio de poder para a empobrecida região oriental do país.
“A Malásia transferiu a capital (administrativa) de Kuala Lumpur a Putrajaya, e outros 19 países do mundo, incluindo Estados Unidos e Austrália, também deslocaram com sucesso seus centros administrativos”, afirmou à Agência Efe um membro do “Visão Indonésia 2033”, influente grupo de pesquisadores e urbanistas que defende a mudança.
A iniciativa carece de calendário e de orçamento oficial sobre o que poderia custar ao erário uma decisão tão faraônica como criar uma nova capital.
No entanto, há dados sobre as perdas causadas pelas recentes inundações, porque apenas os fundos de urgência governamentais chegaram a US$ 6,2 bilhões.
A este gasto é preciso somar os US$ 4,7 bilhões que, se estima, a cada ano são gastos com os quilométricos engarrafamentos e os problemas de infraestruturas de Jacarta.
“A mudança total a uma nova cidade custaria US$ 15,6 bilhões que, se forem parcelados em dez anos, representa menos de 1% do PIB indonésio”, garantiu Andrinof Chaniago, chefe do “Visão Indonésia 2033”.
Este professor da Universidade da Indonésia aposta na mudança para Bornéu, o que resguardaria a futura capital de desastres naturais como terremotos e inundações.
Entre os céticos se encontra o atual presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, um general reformado que cumpre seu segundo mandato.
“As inundações não são por si sós uma razão suficiente para transferir a capital. O que temos que fazer é uma Jacarta superior, melhor estruturada e mais preparada para enfrentar os desafios”, opinou o líder.
Por ora, os moradores de Jacarta realizam suas atividades cotidianas sob o estado de emergência, situação extraordinária que as autoridades decidiram manter até o próximo domingo, quando os meteorologistas previram que copiosas precipitações combinadas com a alta da maré podem voltar a alagar a capital. EFE
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