As ações japonesas tiveram uma forte recuperação nesta terça-feira (6), após sofrer a maior queda em mais de 30 anos. O índice Nikkei, principal referência da Bolsa de Tóquio, saltou 10,23% em Tóquio, fechando a 34.675,46 pontos e assegurando o maior ganho diário desde outubro de 2008, o que impulsionou a recuperação dos mercados globais que haviam sido abalados por temores de recessão nos Estados Unidos e pela alta das taxas de juros no Japão.
Ontem (5), o índice Nikkei sofreu um tombo de 12,4%, retrocedendo 4.451 pontos, seu maior declínio em número de pontos e sua maior queda percentual em um dia desde outubro de 1987. A fortíssima retração desencadeou uma derrocada do mercado global. Todos os principais mercados asiáticos, europeus e dos EUA sofreram queda substancialmente forte.
A principal causa da instabilidade foi a combinação de diversos fatores, como o temor de uma desaceleração econômica nos Estados Unidos, o aumento das taxas de juros no Japão e a rápida valorização do iene. A alta do iene, em particular, prejudicou a competitividade das exportações japonesas, um setor fundamental para a economia do país.
A decisão do Banco do Japão (BoJ) de ajustar sua política monetária, abandonando anos de taxas de juros ultrabaixas, também contribuiu para a volatilidade do mercado. A medida, embora necessária para controlar a inflação, gerou incerteza entre os investidores, que se ajustaram rapidamente às novas condições.
O desfazer das operações de carry trade, uma estratégia de investimento que envolvia tomar emprestado em ienes a taxas de juros baixas para investir em outros ativos, também amplificou as oscilações do mercado. Com a alta do iene, muitos investidores foram forçados a liquidar suas posições, intensificando a pressão de venda.
A crise na Bolsa de Tóquio reverberou em todo o mundo, com os principais índices de outros países também registrando quedas significativas. A volatilidade dos mercados reflete a crescente incerteza sobre o futuro da economia global, marcada por tensões geopolíticas, inflação e o risco de recessão.
Analisando a situação, Stephen Innes, sócio-gerente da SPI Asset Management, afirmou que: “Tóquio representa o epicentro das reversões do carry trade, onde os efeitos cascata foram sentidos de forma mais aguda, exacerbando a turbulência e a incerteza para comerciantes e investidores.”
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, por sua vez, adotou um tom mais otimista, destacando o primeiro aumento nos salários reais ajustados pela inflação em mais de dois anos. No entanto, especialistas alertam que a recuperação da economia japonesa dependerá da evolução da situação global e das decisões das autoridades monetárias.
A alta volatilidade dos mercados nos últimos dias serve como um lembrete de que a economia global está passando por um período de grandes transformações. As empresas e os investidores precisam estar preparados para lidar com um ambiente cada vez mais incerto e complexo.
A volatilidade dos mercados foi intensificada pela rápida valorização do iene, que prejudicou a competitividade das empresas japonesas. No entanto, analistas acreditam que a recuperação pode ser temporária, e a incerteza ainda paira sobre os mercados globais. A evolução da economia dos EUA e as decisões dos bancos centrais serão cruciais para definir o futuro dos investimentos.
== Mundo-Nipo (MN)
Fonte: Nikkei Asia Japan
Foto em Destaque: Depositphotos
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