Manifestantes protestam contra tentativa do Japão de usar Forças Armadas no exterior

O Parlamento do Japão iniciou hoje as conversações que visam mudar a política de defesa do país.

Do Mundo-Nipo

Um grupo de japoneses se reuniu, nesta sexta-feira (6), na frente do prédio do Parlamento do Japão, em Tóquio, para protestar contra a decisão do governo japonês em dar início às conversações que visam mudar a política de defesa do país, permitindo às Forças Armadas lutarem em conflitos no exterior.

As conversações, que devem decorrer até a próxima semana, envolvem os partidos da coalizão governista, que apoiam a intenção do primeiro-ministro Shinzo Abe de reinterpretar a Constituição Pacifista do país que renuncia à guerra.

O protesto contou com cerca de 70 pessoas. Os manifestantes gritavam frases como “Não deixe o Japão se tornar um país que pode retornar à guerra” e “Proteja o Artigo 9 da Constituição”. O artigo cita que os japoneses renunciam à guerra como uma forma de resolver disputas internacionais.

Os participantes disseram ter receio de que o escopo das atividades das Forças de Autodefesa do Japão se expanda ilimitadamente, caso elas sejam permitidas a se engajar em atividades do chamado “autodefesa coletiva”.

A Constituição do Japão foi reescrita depois da derrota na Segunda Guerra Mundial e possui um artigo que limita a ação das Forças Armadas. Servem apenas para defender o território japonês e não podem atacar ou se envolver em conflitos no exterior.

Mudar esse Artigo 9º é um antigo desejo do atual governo e o terreno agora parece fértil para isso, principalmente depois de o assassinato de dois reféns japoneses pelo grupo jihadista Estado Islâmico (IE), entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, que incluiu ameaças do IE à segurança dos cidadãos japoneses no exterior, o que levou o primeiro-ministro japonês a querer ampliar o papel das Forças Armadas do país.

Segundo Abe e seus partidários, a constituição pacifista inibe a capacidade do país de se proteger e apoiar seus aliados, em meio a ameaças recentes de terroristas, além dos temores crescentes sobre o programa nuclear da Coreia do Norte e das reivindicações territoriais da China e sua expansão militar na região asiática.

Se o direito de autodefesa coletiva for aprovado, esta será uma das maiores mudanças na política de segurança do Japão desde a Segunda Guerra. A alteração também relaxaria as restrições à participação do país em operações de paz da ONU, atualmente restrito.

O governo, no entanto, nega que a mudança daria carta branca ao país para enviar militares em guerras imprudentes no exterior. De acordo com Tóquio, o país vai exercer o direito de legítima defesa coletiva somente quando for constatado o “perigo claro” à vida das pessoas em países com laços estreitos com o Japão. Além disso, as autoridades acrescentaram que as intervenções devem ser limitadas.

Internacionalmente, a medida também terá repercussões. Qualquer decisão que solte as amarras legais sobre as forças do Japão vai irritar a China, pois os dois países estão envolvidos em uma disputa sobre a soberania das ilhas Senkaku, no Mar da China Oriental. Em contrapartida, Estados Unidos, bem como países no Sudeste Asiático e na Europa, já manifestaram apoio à mudança.

(Com informações da NHK News e Agência Kyodo)

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