Aprovação do governo do Japão piora e cai para 37%

A forte queda reflete a desaprovação sobre o uso das forças militares no exterior e a reativação das usinas nucleares.

Do Mundo-Nipo

O índice de aprovação ao gabinete japonês, o que também se refere ao governo do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, segue caindo a níveis alarmantes, mostraram dados da pesquisa conduzida pela emissora pública ‘NHK’ e divulgada nesta segunda-feira (10), indicando que a queda reflete o sentimento de reprovação sobre o movimento do governo em ampliar as forças militares do país no exterior, bem como a decisão em reiniciar as usinas nucleares que até então se encontram ociosas desde o acidente nuclear em Fukushima.

A pesquisa nacional, realizada entre sexta-feira (7) e domingo (9), mostra que a taxa de aprovação reduziu 4 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, caindo para 37%, enquanto o índice de reprovação subiu 3 pontos percentuais, para 46%.


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O resultado é ainda pior que a pesquisa realizada em julho, quando o índice de reprovação superou o de aprovação pela primeira vez desde que Abe assumiu o comando da terceira maior economia do mundo, em dezembro de 2012.

O levantamento, que pesquisou 1.057 pessoas em todo o país, também questionou sobre as novas leis de segurança envolvendo a política de defesa do Japão, que inclui a mudança na Constituição pacifista para permitir ao Japão exercer o chamado “direito de autodefesa coletiva” e assim permitir que as Forças de Autodefesa do país atuem no exterior.

A porcentagem dos pesquisados a favor da mudança nas leis de segurança recuou 2 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, para 30%, enquanto a taxa de reprovação subiu de 61% para 64%.

Os participantes também foram questionados sobre a iniciativa do governo em reiniciar as usinas nucleares. Do total dos entrevistados, apenas 17% se mostraram a favor de um reinício, enquanto 48% disseram ser contra. A porcentagem de indecisos ficou em 28%.

Mudança da Constituição Pacifista do Japão
A Constituição do Japão foi reescrita depois da derrota na Segunda Guerra Mundial e possui um artigo que limita a ação das Forças Armadas, que são restritas ao território japonês, não podendo atacar ou se envolver em conflitos no exterior.

Mudar o Artigo 9º é um antigo desejo do atual governo. Segundo Abe e seus partidários, a Constituição pacifista inibe a capacidade do país de se proteger e apoiar seus aliados, em meio a ameaças recentes de terroristas do Estado Islâmico e os temores crescentes sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, além das reivindicações territoriais da China e sua expansão militar na região asiática.

Se o direito de autodefesa coletiva realmente for aprovado pela Câmara Alta do Parlamento Japonês, esta será uma das maiores mudanças na política de segurança do Japão desde a Segunda Guerra Mundial.

Retomada do programa de energia nuclear
Nesta segunda-feira, o Japão anunciou que retomará seu programa de energia nuclear, apesar da considerável objeção no país pelo uso desse tipo de energia após o desastre nuclear na usina de Fukushima em março de 2011.

Mais de quatro anos após a tragédia em Fukushima, Japão volta a confiar na energia nuclear. O país reativará na terça-feira (11) o reator 1 da usina de Sendai, operada pela Companhia de Energia Elétrica de Kyushu. O reator em Sendai é apenas um dos 48 existentes no país que foram desativados após o acidente nuclear em 2011, com exceção de dois reatores utilizados temporariamente para atender às necessidades de energia do país.

O país insular tem poucos recursos naturais. A energia atômica chegou a suprir um quarto das necessidades energéticas do Japão antes do acidente nuclear em Fukushima, considerado o pior desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

Para Shinzo Abe, a central nuclear de Sendai, localizada na província de Kagoshima, em Kyushu (sul do Japão), será a primeira de muitas que terão seus reatores reativados. Até o final do atual ano fiscal, que encerra em março de 2016, o primeiro-ministro japonês espera que a energia nuclear represente 24% da produção energética do Japão, conforme noticiou hoje o jornal “Expresso”.

A opinião pública ainda não está convencida da segurança da energia atômica. Conforme indicam as pesquisas, a maioria dos cidadãos japoneses se opõe ao religamento. Algumas pessoas, inclusive, entraram com ações na justiça para tentar bloquear o reinício das atividades nucleares. O anúncio desta segunda-feira foi recebido com cerca de 400 manifestantes protestando em frente à central de Sendai.

Independente dos protestos, o governo considera que a energia nuclear ainda é imprescindível ao país. Isso porque o Japão precisa importar 90% de seu petróleo, bem como todo o carvão e gás natural usados no país, e desde que desligou os reatores nucleares sofreu um forte déficit na sua balança comercial.

O primeiro reator da central de Sendai vai gerar 890 megawatts de energia, enquanto o segundo retomará as operações em meados de outubro. Dos 48 reatores existentes no Japão, 25 têm solicitação de reativação emitida junta a Autoridade Reguladora Nuclear (NRA, na sigla em inglês) do Japão. Deste total, cinco já receberam a aprovação da NRA.

Fontes: NHK News | Jornal expresso | Agência Reuters | Agência Kyodo.

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