Da agência EFE
Nova Délhi/Islamabad, 16 jan (EFE).- A morte de outro soldado na Caxemira, o quinto em dez dias, aumentou de novo a tensão entre a Índia e o Paquistão nesta quarta-feira, países que protagonizam nessa região a pior escalada armada em uma década.
Três militares paquistaneses e dois indianos morreram desde que no último dia 6 começou o atual espiral de violência na área, onde as duas potências nucleares participaram de duas guerras e vários conflitos menores, e mantêm um precário cessar-fogo.
Segundo informou o comando militar do Paquistão, o último incidente foi registrado na noite de terça-feira e custou a vida de um soldado do país, identificado como Naik Ashraf e que morreu após ser atingido por tiros de uniformizados da Índia que dispararam “sem provocação prévia”.
Sempre de acordo com a informação oficial paquistanesa, o incidente ocorreu nos setores de Hot Spring e Jandrot, próximos à Linha de Controle (LoC), traçada em 2003 e que separa as áreas da Caxemira sob autoridade da Índia e do Paquistão.
A LoC se estabeleceu após a assinatura do cessar-fogo vigente na região, que sofreu contínuas violações pelas duas partes – mais de 70 só em 2012- mas nunca com um resultado mortal tão elevado como o arrojado dos últimos enfrentamentos.
Nem Nova Délhi nem Islamabad assumiram responsabilidade na iniciativa dos ataques registrados há dez dias.
Nessa linha, o porta-voz do Exército indiano na Caxemira, coronel J.S Brar, disse que “não há nada o que comentar”, ao ser questionado pela Agência Efe sobre a última denúncia paquistanesa, divulgada na madrugada.
Apenas poucas horas depois da denúncia, o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, advertiu na tarde de terça-feira que a relação com o Paquistão não pode seguir igual, sobretudo em alusão à decapitação, no dia 8, de um soldado em uma incursão paquistanesa.
De acordo com as autoridades de Nova Délhi, uniformizados pasquitaneses atravessaram a Linha de Controle, e após matar dois soldados indianos, decapitaram um e levaram sua cabeça, fato que também não tinha precedentes desde o estabelecimento da LoC.
Apesar da escalada militar, os especialistas preveem um próximo descenso do nível de tensão, principalmente pela crise política que o Paquistão vive, onde a Corte Suprema ordenou na terça-feira a detenção do primeiro-ministro, Raja Pervez Ashraf, por um caso de corrupção.
Neste sentido, o antigo diretor dos serviços de informação dos indianos para o exterior (RAW, segundo sua sigla em inglês), Vikram Sood, em declarações à Agência Efe, afirmou que “as coisas não vão piorar e vão se acalmar”.
“É a maior escalada dos últimos anos, mas penso que as duas partes vão tentar esfriar a situação”, disse.
Aos pés do Himalaia, a Caxemira é a única região de maioria muçulmana que foi alocada à Índia com a partilha do subcontinente indiano pela antiga potência colonial, Grã-Bretanha, que em 1947 fez a divisão com critérios confessionais.
O objetivo da patrulha era que a Índia acolhesse a maioria hindu, e o Paquistão a minoria muçulmana, do subcontinente.
Mas a população da Caxemira sofre desde então com a divisão que pode ser a originária do atual espiral de violência.
O jornal indiano “The Hindu” publicou na semana passada que uma idosa, em setembro, cruzou da parte indiana à paquistanesa para estar com seus filhos, foragidos na zona sob controle do Paquistão por ter problemas com a Polícia da Índia.
O movimento alertou o exército indiano sobre a facilidade com que era possível atravessar a LoC, por isso que o país construiu o setor búnkeres, algo que para o Paquistão é contrário ao acordo de cessar- fogo, mas que a Índia considera que não viola o status quo.
Após alguns incidentes registrados em novembro e dezembro, a tensão incentivou na atual escalada, segundo esse jornal, que citava fontes oficiais e precisava que a intenção da idosa era “passar os últimos anos de vida com seus filhos”. EFE
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