Da agência EFE
Miguel F. Rovira.
Bangcoc, 18 dez (EFE).- Aung San Suu Kyi, Nobel da Paz e líder do movimento democrático em Mianmar, conseguiu se eleger ao Parlamento do país após uma arrasadora vitória eleitoral e, pela primeira vez após cerca de 15 anos, pôde sair de seu país.
Após várias semanas dando sinais de indecisão, o partido Liga Nacional pela Democracia (LND) anunciou em janeiro que sua mais famosa integrante participaria das eleições legislativas parciais de abril por uma das 45 cadeiras em disputa.
Algumas semanas mais tarde, Suu Kyi começou sua campanha eleitoral sendo recebida pelos milhares de seguidores que foram a Khawmu, um empobrecido distrito rural localizado ao sul de Yangun e que sofreu os efeitos do devastador ciclone Nargis em maio de 2008.
Em seu primeiro discurso transmitido pela rede de televisão estatal birmanesa, a ativista criticou a Constituição elaborada de acordo com os interesses do regime anterior e lembrou que ela reservava às Forças Armadas o controle de 110 cadeiras do total de 440 que compõem o Parlamento.
No dia 1º de abril, e após um mês e meio de campanha, Suu Kyi e os demais candidatos da oposição perseguidos durante décadas de ditadura enfrentaram nas urnas o partido governista liderado pelo presidente birmanês, Thein Sein, e sua formidável máquina eleitoral.
Cerca de seis milhões de birmaneses foram convocados a votar para escolher, entre mais de mil de candidatos de 17 partidos políticos, 45 legisladores que ocupariam as 36 cadeiras que estavam vagas no Parlamento, outras seis no Senado e duas nas assembleias regionais.
O contraste entre os simpatizantes de um partido e de outro era muito grande, pois enquanto entre os apoiadores da LND predominavam jovens que tremulavam bandeiras vermelhas e mostravam fotos de Suu Kyi enquanto pareciam se divertir, o lado oposto era marcado por cabos eleitorais de aspecto militar e expressão taciturna.
A vitória eleitoral da legenda de Suu Kyi foi arrasadora, pois ganhou 43 das 44 cadeiras que disputou, repetindo o triunfo das eleições legislativas realizadas em 1990 e cujos resultados nunca foram aceitos pelos generais que governam o país.
As Nações Unidas e os governos de Estados Unidos e Reino Unido, entre outros, qualificaram o pleito parcial de livre e justo, e aplaudiu o processo de reformas de ramo democrático empreendido pelo governo de Thein Sein, formado quase integralmente por ex-generais ligados ao dissolvido regime militar.
Duas semanas depois do triunfo eleitoral do partido de Suu Kyi, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, viajou para Mianmar para confirmar ao governo birmanês que a União Europeia (UE) iria suspender algumas das sanções impostas ao país em resposta ao abuso dos direitos humanos cometidos pelo extinto regime.
Após os passos de Cameron, visitaram Mianmar a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e um grande número de ministros de Relações Exteriores.
No final de maio e pela primeira vez após 24 anos de luta política, Suu Kyi rompeu as fronteiras de Mianmar para viajar à vizinha Tailândia, onde se reuniu com birmaneses que fugiram da pobreza e da repressão em seu país.
Depois, a líder opositora fez uma viagem pela Europa, com paradas em Suíça, Noruega, Irlanda, Reino Unido e França, países nos quais foi recebida por seus respectivos governantes.
Por último, em setembro, viajou aos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Barack Obama, e voltou a se encontrar com a secretária de Estado, Hillary Clinton, que em novembro de 2011 foi a primeira chefe da diplomacia americana a fazer uma visita oficial a Mianmar.
Com a suspensão das sanções dos Estados Unidos a Mianmar, Obama se reencontrou com Suu Kyi em novembro em sua casa em Yangun, na qual a ativista ficou sob prisão domiciliar por cerca de 15 anos por reivindicar democracia para seu país. EFE
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