China prende oficialmente japonês detido por espionagem

Desde que a lei anti-espionagem da China entrou em vigor, 17 cidadãos japoneses foram detidos por suspeita de envolvimento em atividades de espionagem.
Bandeira da China e câmera de vigilância | ©Carlos G. Rawlins
©Carlos G. Rawlins

As autoridades chinesas prenderam formalmente um empresário japonês detido no início deste ano sob suspeita de espionagem, disse o governo do Japão na quinta-feira (19), apesar dos repetidos apelos para libertá-lo, informou a Kyodo News JP.

O secretário-chefe do Gabinete japonês, Hirokazu Matsuno, disse em entrevista coletiva que o governo confirmou a prisão em meados de outubro do homem de 50 anos, dizendo que Tóquio continuará a instar Pequim a libertá-lo o mais rápido possível, trabalhando “em vários níveis”.

O homem é funcionário da farmacêutica japonesa Astellas Pharma e está detido pelas autoridades chinesas em Pequim desde março deste ano. A China disse ao Japão no mês passado que o homem foi colocado em detenção criminal – um passo que levou à prisão oficial.

“Trataremos do caso de acordo com a lei e protegeremos os direitos e interesses legítimos da pessoa em questão”, disse em entrevista coletiva a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning.

Mao Ning, Ministra das Relações Exteriores da China | ©Kyodo Images
Mao Ning, Ministra das Relações Exteriores da China | ©Kyodo Images

Um funcionário da Astellas Pharma disse à Kyodo que a empresa “continuará a lidar adequadamente com a situação através do Ministério das Relações Exteriores (japonês)”.

A prisão ocorre no momento em que as relações entre os dois vizinhos asiáticos permanecem tensas após o início, no final de agosto, do despejo no mar de água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima.

O cidadão japonês, que anteriormente serviu como alto funcionário da Câmara Japonesa de Comércio e Indústria na China, foi detido pouco antes do seu regresso programado ao Japão. Os detalhes específicos de como ele pode ter violado a lei de contraespionagem e o código penal da China permanecem desconhecidos.

No dia  primeiro de julho, uma lei revista de anti-espionagem entrou em vigor na China, alargando o âmbito do que constitui as atividades de espionagem. Como a definição de segurança nacional permanece pouco clara, a legislação suscitou receios entre as comunidades empresariais expatriadas e estrangeiras.

A notícia da prisão formal do funcionário da Astellas decepcionou alguns participantes japoneses no fórum de dois dias sobre relações bilaterais realizado em Pequim até sexta-feira (20).

Yasushi Kudo, chefe do think tank japonês Genron NPO, instou a China a explicar o motivo da prisão, dizendo que os temores estão se espalhando entre os cidadãos japoneses que vivem na China. A entidade é co-organizadora do evento com a presença de especialistas dos dois países.

Um pesquisador japonês que participou do fórum esperava que o número de visitantes do Japão à China caísse ainda mais devido ao incidente, enquanto um banqueiro japonês disse que a alteração da lei contra espionagem teve “um grande impacto negativo” nos esforços do setor empresarial em aprofundar o intercâmbio com a China.

Desde que a lei de anti-espionagem da China entrou em vigor, em novembro de 2014, 17 cidadãos japoneses, incluindo o funcionário da Astellas, foram detidos por alegado envolvimento em atividades de espionagem. Cinco ainda estão detidos, segundo o governo japonês.

== Mundo-Nipo (MN)
Com a Kyodo

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