Japão e Rússia retomam negociações para acordo de paz

As negociações de hoje, estagnadas há quase dois anos, representam o primeiro sinal de um recesso nas tensões entre Tóquio e Moscou.

Do Mundo-Nipo


Chanceleres de Japão e Rússia se reúnem nesta segunda-feira (21) na tentativa de retomar suas negociações sobre um “estagnado” acordo de paz. As conversações representam o primeiro sinal de um recesso nas tensões que os governos desses dois países mantêm por causa da disputa territorial envolvendo quatro pequenas ilhas no Pacífico, exigidas pelo Japão desde sua anexação à Rússia no fim da Segunda Guerra Mundial, segundo noticiou a emissora pública “NHK”.

O chanceler japonês, Fumio Kishida, que iniciou ontem sua visita de quatro dias à Rússia, vai se encontrar com sua contraparte russa, Sergei Lavrov, em Moscou, nesta segunda-feira. Além da questão territorial, eles deverão discutir sobre as negociações ora estagnadas da assinatura de um tratado de paz.

As negociações com Lavrov serão as primeiras em cerca de 19 meses envolvendo as quatro ilhas que compõe o pequeno arquipélago, conhecido na Rússia como Curilas do Sul (ou Kuril) e denominado pelo Japão como Territórios do Norte, localizado ao largo da costa de Hokkaido, no extremo norte do arquipélago japonês.

Moscou governa as ditas ilhas, enquanto Tóquio reivindica a soberania sobre as mesmas, afirmando que são partes inerentes do território japonês. Diz ainda que “as ilhas foram ilegalmente ocupadas”.

A Rússia tomou o controle dessas quatro ilhas, que são ricas em recursos, nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, e a disputa impede os dois países de assinar um tratado de paz desde então.

Kishida vai tentar conseguir um acordo de reinício rápido de negociações em nível vice-ministerial sobre o tratado de paz. Essas negociações se encontram suspensas desde janeiro do ano passado.

Segundo a NHK, o encontro também objetiva pavimentar o caminho para uma visita ao Japão do presidente russo, Vladimir Putin, até o final deste ano. No que será o primeiro encontro do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, com Putin desde o inicio da crise na Ucrânia.

Contudo, fontes ligadas ao governo japonês disseram à “NHK” que um encontro entre os dois líderes se mostra inviável este ano. Isso porque as tensões entre os dois países ampliaram devido a uma série de viagens recentemente feitas pelo premiê russo, Dmitry Medvedev, e outros do gabinete de Putin, às ilhas em questão.

No dia 22 de agosto, o governo japonês apresentou um protesto formal contra a visita de Medvedev a uma das quatro ilhas. A disputa de sete décadas sobre o território acabou por trazer um retrocesso nos esforços de Abe em manter a porta aberta ao diálogo, apesar da crise na Ucrânia, que acabou por agravar as estremecidas relações Japão-Rússia, conforme noticiou a agência de notícias “Kyodo”.

Após a visita em uma das quatro ilhas, Medvedev disse a repórteres que “a atitude do Japão [protesto] não iria impedir novas visitas”.

“Nossa posição é simples: queremos ser amigos do Japão, o Japão é o nosso vizinho. Temos uma boa postura com o Japão, mas isso não deve estar ligado de forma alguma com as ilhas Kurilas, que fazem parte da Federação Russa”, disse Medvedev. “Por isso, fizemos visitas, estamos visitando e vamos fazer visitas a Kurilas”, declarou, de acordo com a “Kyodo”.

Medvedev enfatizou planos de desenvolvimento econômico para uma região potencialmente rica em petróleo e gás e convidou investidores estrangeiros, conforme noticiou a agência “Reuters” um dia após a visita de Medvedev às ilhas.

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