O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, condenou o reconhecimento da Rússia envolvendo a independência de duas regiões separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia como uma violação da soberania do país, bem como do direito internacional e de um acordo de paz no passado.
“A série de ações da Rússia viola a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, que nunca toleramos e criticamos fortemente”, disse Kishida a repórteres na terça-feira (22).
O ministro das Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, disse em entrevista coletiva que Tóquio trabalhará com a comunidade internacional, incluindo o G7 (Grupo dos Sete países mais industrializados do mundo) para organizar uma “resposta dura” à Rússia, “incluindo sanções”.
As declarações vieram depois que o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu na segunda-feira (21) as duas regiões separatistas pró-Moscou de Donetsk e Luhansk como independentes e ordenou que tropas fossem enviadas para “supostas” missões de “manutenção da paz”, em um movimento que pode abrir caminho para a Rússia invadir o território vizinho.
Logo após o anúncio de Moscou, os Estados Unidos e a União Europeia rapidamente adotaram sanções econômicas à Rússia, como a proibição de todos os novos investimentos, comércio e financiamento para as duas regiões ucranianas.
“Vamos monitorar de perto como a situação se desenvolve com séria preocupação”, disse Kishida, acrescentando que o Japão tomará “decisões específicas enquanto trabalha em estreita colaboração com a comunidade internacional” sobre como acompanhar as nações ocidentais.
O líder japonês disse ainda que os últimos movimentos de Moscou vão “contra o acordo de cessar-fogo de Minsk” assinado pelas forças do governo ucraniano e separatistas pró-Rússia.
O acordo, que pedia a retirada de armamento pesado por ambos os grupos e a concessão de status especial para áreas do leste da Ucrânia controladas pelos separatistas, foi alcançado após a anexação da Crimeia pela Rússia no sul da Ucrânia em 2014, ano em que Japão impôs novas e pesadas sansões contra a Rússia.
Hayashi se recusou a dizer se o governo consideraria a entrada das tropas russas no país como uma invasão da Ucrânia se isso acontecer, dizendo que não pode responder a uma pergunta hipotética.
O Japão tem intensificado a diplomacia sobre a crise ucraniana nos últimos dias. Na semana passada, Kishida falou por telefone com seu colega britânico Boris Johnson e disse a Putin e ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy separadamente que uma solução diplomática é importante.
Kishida conversou por telefone com o chanceler alemão Olaf Scholz na terça-feira e condenou as medidas russas como “totalmente inaceitáveis”, pois os atos minam a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e violam o direito internacional.
Os líderes concordaram durante a conversa de 30 minutos que seguirão os desenvolvimentos sobre a Ucrânia com “séria preocupação” e continuarão a coordenar de perto, disse o Ministério das Relações Exteriores do Japão.
A Alemanha é a presidente do G7 este ano e uma reunião de cúpula virtual está marcada para quinta-feira. A intenção da reunião é discutir a crise e mostrar uma frente unida.
Cúpula das Relações Exteriores do G7
No sábado, Hayashi participou da cúpula dos ministros das Relações Exteriores do G7 em Munique, na qual eles alertaram que a Rússia incorreria em “custos severos e sem precedentes” em caso de mais agressão contra a Ucrânia.
Os ministros da Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos, bem como da União Europeia, chamaram o destacamento militar “não provocado e injustificado” de Moscou de um “desafio à segurança global e à ordem internacional”.
== Mundo-Nipo (MN)
Com Kyodo News.
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